sábado, 15 de junho de 2013

(2013/603) Tobias Barreto e Cântico dos Cânticos - sobre os olhos dela


Na contra-tragédia que é Cântico dos Cânticos, texto econômico e difícil, não há desperdícios. Tao pouca é a informação que, quando aparece, tem função. Os olhos, por exemplo...

Quando, no início, o amado a contempla, é direto nos olhos: eles são pombas, ele diz...

Mas, depois, quando ele tiver traído a promessa que fez a ela, ele dirá que ela afaste dele os olhos, porque os olhos dela o perturbam, a despeito de ele continuar a admirar-lhes colo e peitos, coxas e umbigo - ela é, doravante, coisa de comer com olhos e falo: não é mais uma pessoa, não pode mais ter olhos...


Glosa
(Improviso)

“Quando os teus olhos me fitam,
Minh´alma acredita em Deus.”

Eu sinto que se me agitam
As profundezas do ser,
Que mais um raio é morrer,
Quando os teus olhos me fitam.
Que pensamentos excitam
Os olhos fagueiros teus!
São rompimentos de céus
Olhares que a tudo abalam...
Quando os teus olhos me fitam,
Minh´alma acredita em Deus!...

(Tobias Barreto)





OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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