1. Sinto as carnes excitadas. Não sei quanto a vocês, mas aproximar-me de temas quentes, relevantes, fundamentais, põe minhas carnes a ferver. Seria impossível dormir, experimentando toda essa carga de excitação, ainda que fosse três da manhã... Cérebro, mente, consciência: isso me excita profundamente. Não isso, mas o estudo disso: é aproximar-se, é aproximar-me do Mistério...
2. Nos termos de minha experiência, isso é liturgia, é culto - de algum modo, é mística. Um religioso clássico há de franzir o cenho... Mas deixe-me dizer que conheço mística litúrgica evangélico-protestante o suficiente (por experiência!) para dizer que isso que experimento tem a mesma dimensão, a mesma tessitura, a mesma substância!
3. Não posso continuar a ler Damásio sem registrar um tributo a um gênio detestável - amável, sob muitos aspectos, mas um bom crápula escravagista, um canalha aristocrata: a despeito disso, um gênio, e a despeito de tudo, uma mente admirável, brilhante, terrivelmente lúcida, a quem faltava, todavia, talvez, a compaixão preconizada em certas correntes da tradição cristã - não, claro, no Cristianismo como um todo, absolutamente.
4. Pois bem, foi Nietzsche o autor dessa que deve ser a epígrafe de uma nova era. No futuro, não tenho dúvidas, essa será a frase que marcará o fim de uma era e o início de outra, didaticamente, assim como a palestra de Gabler, em 1787 marca, didaticamente, o início da independência da Teologia Bíblica em relação à Teologia Sistemática.
5. A frase de Nieztsche, todavia, está em altura sumamente superior, inconcebivelmente superior - porque deixa para trás um universo inteiro de racionalização metafísica e mitológica, experimentada, ainda, com sofreguidão, por Descartes - e ainda hoje...
6. Mas eis a frase que quero citar, honrando a memória desse memorável filósofo da terra: "a consciência é o último estágio da evolução orgânica humana, e por isso o mais frágil" (A Gaia Ciência). Pulsa aí, a força da genialidade...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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