2. Conheço teólogos que concordam em parte com o que digo. A sua crítica se dá não sobre o fenômeno de fundo - pastores midiáticos falando em nome de Deus. A sua crítica se dá à forma, não à substância. O que eles fazem, alegam, é anti-ético, mas a pregação, em si, não...
3. Não? Para mim, a pregação religiosa é anti-ética. Democrática, que seja, como é - ainda - democrático falar mal de homossexuais nos púlpitos (em nome de Deus!). Mas, hoje, no mundo em que vivo - mas, eventualmente, não no mundo em que eles vivem, falar em nome de Deus deve ser registrado como prática não-ética.
4. Ninguém pode falar em nome de Deus, pelo simples fato de que não sabemos sequer se Deus existe. Se o sujeito crê, tudo bem, mas a fé desse sujeito não traz Deus à existência. E, além do mais, a aposta de Pascal é apenas isso: aposta - e não vale mais do que qualquer outra, talvez menos...
5. Para mim, só há um modo ético, hoje, de se falar de Deus - com e como poesia. Mas alto lá!: tem muita gente boa, muito teólogo, por aí, fazendo de conta que faz poesia, e fazendo teologia dura disfarçada de poema. Isso, meus senhores, me parece ainda mais anti-ético, porque soma ao abuso da retórica, o abuso do cinismo.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
(PS. a Globo, finalmente, aderiu! [no fundo, a Som Livre!] Agora, sim, tô preocupado)...
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