1. Saímos da lama. Da floresta. Da natureza. Tá, tá - ainda estamos lá, eu sei. Mas, você há de concordar comigo - estamos lá, mas só em parte. Na parte que de lá se nutre. Mas a outra, ah, a outra, essa parte feérica, mental, psicológica, "anímica" (palavra perigosa!), noológica, nós, "seres de pensamento", ah, nós não estamos mais lá.
2. Os que lá estão seguem o roteiro da lama e da floresta. Nós, não. Nós escrevemos nosso roteiro. Comer, beber, defecar, "cruzar". Tá - essa é a parte de nós que é da lama e da floresta. Mas a outra parte, é França, é Itália, é Renova Black, é Kama Sutra.
3. Não, não há roteiros para o "homem" - nós, homens e mulheres, escrevemos nossos roteiros.
4. Claro, há a cultura, o modo como cada povo se ergue dessa lama. E essa cultura é, a seu tempo, um roteiro. Nada ali é "dado", natural, tudo é inventado - tudo. Sim, a partir de bases necessárias: viver, mas apenas isso é necessário: viver, todo o resto é criação e sonho.
5. Assim, o que, de fato, é "vida", é "realidade", é "virtualidade"? As Wonder Girls, cantando, são realidade ou sonho? E o Meijin, dançando Wonder Girls, é virtual ou tão real quando quem o comanda?
6. Caminharemos, aposto, para um modo de vida em que a realidade "real" e a realidade "virtual" se encontrarão cada vez mais constante e intimamente.
7. Mas ainda vai demorar um pouquinho...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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