segunda-feira, 8 de agosto de 2011

(2011/471) Porque José insiste em chegar ao + 10, indo na direção do - 1...


1. Eu acho muito bom - mesmo - a (ao menos na aparência) luta a favor da liberdade, da igualdade - inclusive nos discursos: nos e dos discursos. Mesmo. Acho que cada um tem o direito de dizer o que quer que seja.

2. Mas, que ninguém nos ouça: ter o direito de dizer equivale (necessariamente) a dizer o que é direito? Ou, para o dizer nos meus termos: se for verdade que todos podemos dizer o que pensamos, tudo quanto pensamos e dizemos é, por isso, verdade?

3. Digam-me, por favor, antes que eu desacredite da seriedade dos nossos dias: a universalização da palavra é, ao mesmo tempo, a universalização das idéias adequadas, corretas, certas? É isso? O completo e absoluto nivelamento das idéias?

4. Ora, ora, ora - não acredito que uma posição política dessa se sustente cinco minutos no mundo real. Aos meus ouvidos, soa como canto de sereia, encantamento, magia, como ladainha de mídia e "academia"

5. Ter nascido o grito de liberdade, e, mais do que isso, termos inventado um modo de tentarmos praticar essa liberdade - bem, isso é ótimo. Mas, cá entre nós, rasgar todas as coisas, inclusive os conceitos e as relações de identidade, em nome dessa "liberdade", bem, isso já me parece patológico. Tornar a univocidade a "culpada" pelos crimes pré-iluministas - que mágica! E quanta prestidigitação retórica!

6. Como chamar de liberdade a exigência de levar à bancarrota as estruturas racionais que estão, inclusive, por trás dos brados modernos de liberdade? Dentro de duas semanas não se poderá mais distinguir entre Quixote e Mandela, entre Boltzmann e Odorico Paraguaçu...

7. Ou será que, no fundo, se trata disso: dissolver, ainda que retoricamente - porque é disso que se trata e é nesse nível que a coisa se dá -, a "verdade"...

8. Mate-se a "verdade" - e o que restará, quando, definitivamente, chegar a hora? Cantaremos canções? Votaremos? Senhores! Quando se precisar saber a quantidade de passageiros que um barco do Amazonas comporta e suporta, senhores!, não será nem com canções nem com votos de cumplicidade, porque com votos se afundaram muitos e com canções se animaram os velórios do dia seguinte...



OSVALDO LUIZ RIBEIRO

PS. não, senhores, José não vem do 11...

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