(2011/395) Menino de rio - poesia fluvial colhida ao regato da rede...

1. Colhi esse poema no blog Locutório. Troquei-lhe apenas uma letra - "do" para "de". Talvez pelo fato de correr em meu nome um ribeiro de águas, tenha eu gostado de nadar nas águas lentas dessa poesia.

Menino do Rio - Robertson Frizero Barros

Mesmo nascido no Rio
- não sei bem como explicar -
sou um menino do rio:
nunca fui muito do mar.

Pelos rios é que guio
o coração e o destino.
Creio ser do meu feitio
- tenho isso desde menino

que amava o córrego ao fundo
da casa do avô materno.
Hoje eu sei: o mar é o mundo
e o rio é como um eterno

vagar da vida que escorre
sobre qualquer desafio.
(Mesmo esse rio que morre,
em nós, segue o mesmo rio.)

Tenho um Douro de saudades
e o caudaloso desejo
de jamais cruzar o Hades;
as lágrimas são do Tejo,

E esse Guaíba que eu vejo
das janelas de minha alma
- tranqüilidade que almejo -
é um mar interior de calma,

não é um mero estuário...
E mesmo sua turva água
é inefável cenário
do rio que em mim deságua

(esse rio que me esconde,
sem que eu saiba quando ou onde,
em leito de sonho e mágoa).

OSVALDO LUIZ RIBEIRO