domingo, 7 de março de 2010

(2010/200) De teólogos e de donzelas


1. Iara me arrancou uma inspiração. Direi que a Teologia é uma fêmea viçosa e suave por trás de arbustos da escola. Passa o jovem, distraído, e ei-lo sob os encantos dela. É tudo muito excitante - e ele, jovem adolescente das escolas, levita de antecipações amorosas. Incauto é todo adolescente, cavalgado de hormônios, e, não tem jeito, entrega-se ao flerte... e perde a alma...

2. A Teologia é, assim, perversa, docemente perversa. Na mão, traz um saco das almas aprisionadas, a gemerem de prazer, enquanto se perdem mais e mais fundo nos delírios da donzela. É ela, a Teologia, quem lhes alimenta, lhes dita os rumos, o que fazer, o que pensar. Doravante, suas almas pertencem a ela... é para ela que vivem...

3. Todavia, há rapazes que não gostam da sensação de estar perdido, aborrecem-se da ousadia da donzela, e, agarrando-lhe o pulsos, dominam-na, como deve fazer um hmem à mulher - é a lei da vida. A donzela, inicialmente, resiste, luta, quer soltar-se. Debalde. Arrancada dos arbustos, a Teologia substitui as antigas vestes excitáveis, e, agora, cobrem-lhe longos panos caseiros, e ela é posta à porta de casa, a receber visitas, a oferecer chá e biscoitos, a dar água aos pequenos, pô-los a dormir... Será mulher por alguns minutos, antes que o teólogo durma seu sono exausto. Mas terá deixado, para sempre, a liberdade erótica da fascinação dos jovens.

4. Morreu de desgosto, outro dia, essa donzela, mas, ouvi dizer, outra Eva foi posta em seu lugar.


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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