1. Os leitores de Peroratio, a eles não carece a advetência - mas sempre há os novos, logo, incautos: meu sangue é ironia, e de ironia transborda o nome que dei a essa transcrição de Tobias Barreto. O porquê da ironia cada um o cave em seu quintal de especulações - mas, se o quiserem colher de meu próprio lábio, di-lo-ei: porque as razões dadas para tão pesado sacrifício mais alienam que demovem os homens... Afinal, em face do céu tão aguardado, que são as agruras da vida oprimida, que são as botas dos reis? Viva o céu!, diz o carrasco, viva o céu!
Ignorabimus
Quanta ilusão!... O céu mostra-se esquivo
E surdo ao brado do universo inteiro...
De dúvidas cruéis prisioneiro,
Tomba por terra o pensamento altivo.
Dizem que o Cristo, o filho do Deus vivo,
A quem chamam também Deus verdadeiro,
Veio o mundo remir do cativeiro,
E eu vejo o mundo ainda tão cativo!
Se os reis são sempre os reis, se o povo ignavo
Não deixou de provar o duro freio
Da tirania, e da miséria o travo,
Se é sempre o mesmo engodo e falso enleio,
Se o homem chora e continua escravo,
De que foi que Jesus salvar-nos veio?...
Quanta ilusão!... O céu mostra-se esquivo
E surdo ao brado do universo inteiro...
De dúvidas cruéis prisioneiro,
Tomba por terra o pensamento altivo.
Dizem que o Cristo, o filho do Deus vivo,
A quem chamam também Deus verdadeiro,
Veio o mundo remir do cativeiro,
E eu vejo o mundo ainda tão cativo!
Se os reis são sempre os reis, se o povo ignavo
Não deixou de provar o duro freio
Da tirania, e da miséria o travo,
Se é sempre o mesmo engodo e falso enleio,
Se o homem chora e continua escravo,
De que foi que Jesus salvar-nos veio?...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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