1. Mas nem no maior dos meus devaneios eu imaginaria que um professor deve se impor por sua "autoridade". Naturalmente que há que haver "respeito" da parte de estudantes em relação a seus professores, mas isso por uma questão política, civilizatória, "de educação", até por conta de serem, estes, geralmente mais velhos. Mas a voz do professor ou da professora não há de prevalecer pelo fato de que são professores, nem os estudantes hão de se submeter a qualquer coisa que lhes seja dito por professores pelo fato de serem uns, estudantes, e, outros, professores. Hey, teacher, leave the kids alone!
2. Por outro lado, a idéia de que o discurso de um estudante tenha o mesmo "valor", qualquer que seja ele, do que o discurso de um professor, simplesmente porque ele é estudante, é a mais absurda das invenões pós-modernas, a mais estapafúrdia das invenções de uma clutura do politicamente correto. O valor do que um estudante tem a dizer não deriva de sua condição política de estudante, nem o valor do que um profesor tem a dizer deriva de sua condição política de professor. Deus do céu!, como as coisas perderam sustentação! Como o conhecimento corre o risco de contaminarem-se com a "síndrome do Free".
3. Professores devem dizer o que dizem, sustentando o que dizem por meio de prestação de contas, por meio de argumentos, por meio de demonstrações. Uma vez que laboro no âmbito das Humanas, tais prestações de conta são da ordem da retórica, da evidência "indiciária", isto é, por meio de "indícios", sob o regime da plausibilidade. Um professor não pode chegar em sala, dizer o que quiser dizer, e esperar que os estudantes "engulam" isso, simplesmente porque foi "ele" - ou "ela" - quem o disse. Tem de prestar contas.
4. Igualmente - e ainda mais! - um estudante. Ele não pode dizer o que quiser dizer pelo simples fato de querer dizer. Tem de prestar contas. Eu penso isso e isso por causa disso e disso. Eu considro isso porque isso e por isso. Em face de uma discordância entre professor e estudante em torno de um tema qualquer, há que se confrontar as questões não por meio da apologia das questões, mas por meio da prestação de contas que sustenta cada posição. Se um dos dois não tem cmo prestar contas, não tem o direito - aí, sim, político - de fazer da sua fala uma fala com mesmo "valor" e "peso" do que a outra.
5. Digamos que se trate de uma "intuição". O que me move a escrever aqui não se tratou de uma "intuição", mas de comentáros a uma letra de Raul Seixas. Mas digamos que se trate de uma divergência com base em intuições. O "lado" que diverge tem todo o direito de pronunciar-se, argumentando que, a despeito das evidências argumentadas pela parte, malgrado as prestações de conta, ele não se sente confortável, e ainda gostaria de, em outra ocasião, testar uma intuição assim assim. Mas, daí a dizer que uma intição "de cinco minutos" tem o peso de uma pesquisa - e mais, uma intução sem qualquer base no próprio texto, tampouco quanto ao que se sabe do autor, "contra" uma argumentaão sustentada por sintaxe, semântica, estilo, história, entrevista e plausibilidade... tem dó.
6. Insisto. Professor não tem mais "autoridade". Isso é argumento de uma era que passou. A autoridade de um professor deriva de seu domínio de cátedra, do valor dos argumentos, da prestação de contas. De igual modo, estudantes não têm nenhum "direito" de dizerem o que quer que lhes pareça adequado e a isso opor o conteúdo de aulas. Ambos, professor e estudante, devem sustentar-se com base em argumentos e prestação de contas. E acima de tudo, quando não há consenso - sempre haverá razões para que não haja consenso - deve imperar, sobretudo, o respeito. Se pirraça já é "feio" em crianças mimadas, imagina em gente "grande"...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2. Por outro lado, a idéia de que o discurso de um estudante tenha o mesmo "valor", qualquer que seja ele, do que o discurso de um professor, simplesmente porque ele é estudante, é a mais absurda das invenões pós-modernas, a mais estapafúrdia das invenções de uma clutura do politicamente correto. O valor do que um estudante tem a dizer não deriva de sua condição política de estudante, nem o valor do que um profesor tem a dizer deriva de sua condição política de professor. Deus do céu!, como as coisas perderam sustentação! Como o conhecimento corre o risco de contaminarem-se com a "síndrome do Free".
Uma questão de bom senso! Tá... sei...
3. Professores devem dizer o que dizem, sustentando o que dizem por meio de prestação de contas, por meio de argumentos, por meio de demonstrações. Uma vez que laboro no âmbito das Humanas, tais prestações de conta são da ordem da retórica, da evidência "indiciária", isto é, por meio de "indícios", sob o regime da plausibilidade. Um professor não pode chegar em sala, dizer o que quiser dizer, e esperar que os estudantes "engulam" isso, simplesmente porque foi "ele" - ou "ela" - quem o disse. Tem de prestar contas.
4. Igualmente - e ainda mais! - um estudante. Ele não pode dizer o que quiser dizer pelo simples fato de querer dizer. Tem de prestar contas. Eu penso isso e isso por causa disso e disso. Eu considro isso porque isso e por isso. Em face de uma discordância entre professor e estudante em torno de um tema qualquer, há que se confrontar as questões não por meio da apologia das questões, mas por meio da prestação de contas que sustenta cada posição. Se um dos dois não tem cmo prestar contas, não tem o direito - aí, sim, político - de fazer da sua fala uma fala com mesmo "valor" e "peso" do que a outra.
5. Digamos que se trate de uma "intuição". O que me move a escrever aqui não se tratou de uma "intuição", mas de comentáros a uma letra de Raul Seixas. Mas digamos que se trate de uma divergência com base em intuições. O "lado" que diverge tem todo o direito de pronunciar-se, argumentando que, a despeito das evidências argumentadas pela parte, malgrado as prestações de conta, ele não se sente confortável, e ainda gostaria de, em outra ocasião, testar uma intuição assim assim. Mas, daí a dizer que uma intição "de cinco minutos" tem o peso de uma pesquisa - e mais, uma intução sem qualquer base no próprio texto, tampouco quanto ao que se sabe do autor, "contra" uma argumentaão sustentada por sintaxe, semântica, estilo, história, entrevista e plausibilidade... tem dó.
6. Insisto. Professor não tem mais "autoridade". Isso é argumento de uma era que passou. A autoridade de um professor deriva de seu domínio de cátedra, do valor dos argumentos, da prestação de contas. De igual modo, estudantes não têm nenhum "direito" de dizerem o que quer que lhes pareça adequado e a isso opor o conteúdo de aulas. Ambos, professor e estudante, devem sustentar-se com base em argumentos e prestação de contas. E acima de tudo, quando não há consenso - sempre haverá razões para que não haja consenso - deve imperar, sobretudo, o respeito. Se pirraça já é "feio" em crianças mimadas, imagina em gente "grande"...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
3 comentários:
Oi, Osvaldo
Pois é, foi exatamente isso o que aconteceu lá na aula: pirraça de marmanjo. E a essa altura do campeonato. O indivíduo vai se formar esse ano! Não aprendeu nada sobre a importância de se focalizar na qualidade da argumentação para se sustentar uma ideia. Já pensou eu fazer a minha monografia assim: "eu acho isso e isso e isso sobre o livro de Josué porque eu acho e pronto e não vou argumentar nada porque eu sou aluno e estou aprendendo. Eu tenho o direito de achar o que eu quiser". Difícil de engolir, né?
Pois bem, é cada coisa que se tem que aturar.
Não se deixe abater, Osvaldo. Continua firme, resista.
Um abraço!
Robson Guerra
Lamentavelmente temos que ver momentos igual ao que vimos ontem. Pensei que todos já haviam superado seus conflitos e divergências, mas, pelo que vi, creio que ainda temos muito que caminhar.
Sempre procurei ser fiel ao que penso, mas, tenho meus limites e procuro sempre me colocar no lugar que devo estar.
Concordar ou não concordar com a opinião de um professor, acredito ser do direito sim de um aluno, ainda mais na situação que ainda me encontro (aluno), mas, discordar simplesmente por discordar, isso é meninice e beira a uma insanidade (quando feito por adulto de curso de graduação superior ou não).
Quando estava na faculdade de direito aprendi o valor do argumento, mas desisti dela quando descobri que para minha verdade vencrr, em alguns casos, teria que argumentar com "mentiras". Isso me incomodou muito e por isso, fiz minha escolha, mesmo que com um ônus caro (do tempo), mas, e daí, a escolha foi minha e foi feita para que eu pudesse sentir-se fiel ao que penso.
No direito aprendi que "a minha verda" é o que vale, mas na teologia descobri que "a verdade" é uma possibilidade e que para me aproximar dela devo me munir de ferramentas adequadas (método)para compreendê-la.
Descobri que não sou o dono da "verdade", e que temos uma caminhada muito longa e que talvez, poderei não chegar ao fim.
Isso tenho aprendido e me orgulho de poder estar vivendo em um curso de teologia e não dou direito a nenhum "imprudente e insensato" de atrapalhar esse processo.
Levanta a cabeça e vamos em frente Osvaldo, pois no futuro, muitas coisas iremos desfrutar de tudo que você tem nos incentivado a viajar.
Robson e Rogério, não sejam assim tão severos com o colega. Ele devia estar num dia ruim (ele não queria estar na sala, ele disse no início da aula, e só foi porque Cassia quis aula, em vez de eu liberar, em dia de GQ - não deve nem mais agüentar minhas aulas críticas, depois de 3,5 aos). Eu também estava num dia ruim. Dois dias ruins não dão um dia bom.
Mas vocês estão certos quanto à minha fala de ontem. Não se trata de pôr o aluno sob a autoridade, mas de exigir que ele saiba que deve satisfação de seus argumentos. Vocês estão absolutamnte certos nesse aspecto.
No mais, amem-no como se fosse cópia de vocês. Havemos de aprender a pensar, sem desaprender do amor.
Um abraço, camaradas, e obrigado pela presença continuada na terra de Peroratio
Osvaldo.
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