quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

(2010/034) Tem certeza? [Haroldo, help!]


1. O número 26, último de 2009, da revista digital CiberTeologia, da Paulinas, dedicou-se ao problema da Teologia no MEC, especificamente aquele mais recente, decorrido do PARECER CNE/CES nº 118/2009. No primeiro artigo da revista - Desafios de um empréstimo epistemológico: considerações sobre o Parecer 118/09 do Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Superior (CNE/CES) referentes aos bacharelados em Teologia - de João Décio Passos, leio - entre surpreso e em dúvida:

Os Pareceres, ao evitarem, ao que parece apenas por razões políticas, a elucidação dos fundamentos epistemológicos da Teologia, adotaram um conceito da mesma que, a despeito de sua idade como área de conhecimento, dos paradigmas e métodos historicamente constituídos, dos profissionais socialmente reconhecidos e da rica produção acadêmica, incluiu em sua extensão politicamente correta uma incorreção fundamental: todo discurso religioso institucionalizado na forma de curso vem a ser Teologia. Essa compreensão produziu uma indistinção epistemológica que desembocou na busca de parâmetros mais precisos para os cursos teológicos, o que gerou o Parecer 118/09.

2. "Essa compreensão produziu uma indistinção epistemológica que desembocou na busca de parâmetros mais precisos para os cursos teológicos, o que gerou o Parecer 118/09". Tem certeza? As informações de que disponho dão conta de outro cenário - o Parecer 118/2009 teria atendido à demanda do CNE em face de representação da Prof. Drª Marilena Chauí que, em face da esculhambação ("esculhambação" vai por minha conta e retórica) dos cursos de Teologia, propunha a suspensão da Teologia como integrante do Sistema Federal de Ensino. Não é que se tratasse de um problema de "indistinção teológica" - tratava-se, antes de um absoluto desrespeito às regras do jogo científico, da defesa provinciana e partidária de privilégios epistemológicos inadmissíveis no jogo acadêmico, tudo isso coroado por um corporativismo histórico.

3. É bom verificar. Apostaria na imprecisão do artigo. Não se trata de uma questão "epistemológica" trazida à tona. Sim, a questão "epistemológica" está aí, instalada, mas, a rigor, sempre contornada, e, a depender dos teólgoos, não será levada a termo, salvo, naturalmente, na defesa de uma epistemologia privada, "teológica", "compatível" com a especificidade da Teologia (faz-me rir!). Se estou certo, se Chauí gostaria, mesmo, de ver a Teologia enxotada da Universidade - e ela tem boas razões para isso! -, o Parecer pode ser lido como, até, conservador, conquanto seja, a rigor, uma sinuca de bico - bem dada! - na Teologia: ou aceita jogar o jogo das ciências, e eis, reiteradas, as suas regras, ou, por sua própria vontade, sai fora...

§ único - oficialmente, o próprio Parecer "se explica". Durante as discussões relativas ao credenciamento da Faculdade de Teologia Messiânica, levantou-se a questão de se uma Faculdade poderia ser credenciada apenas com base em Teologia. Essa é a versão oficial. Seja como for, não se trata de uma questão de imprecisão epistemológica. O problema é muito mais profundo do que isso.

4. Eu espero - mas não vejo muita boa vontade da parte da comunidade teológica, a rigor, em sua esmagadora maioria, comprometida mais com a Igreja do que com o Teologia - que a Telogia aceite o jogo...


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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