1. Eis aí, meu amigo Haroldo, meu re-encainhador na Exegese da Bíblia Hebraica, depois de eu (quase) ter-me desviado para outros caminhos, aos quais, contudo, agora volto, caminhos de fazer passar a Teologia pelo fogo da iniciação prometeica, meu professor. Eis aí, Haroldo, como deveria ser, a seu tempo e modo, e tomara logo! - a nossa Teologia universitária, acadêmica, "laica" e científico-humaista:
2. Ela deveria ser, assim, nua, linda, transparente - sem nada a esconder, nem as tripas. Pneumoderma violaceum - até pneuma ela tem no nome, porque tudo isso, de logos e de pneuma, é tudo muito ctônico e telúrico, não é mesmo? Ainda que abissal, muito da Terra, já sabemos...
3. Chegará o dia?
4. Seja como for - quero arriscar dizer que, quanto a isso, já estamos de acordo...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2 comentários:
Osvaldo,
é muito bom acompanhar as postagens sobre o panorama da Teologia. Talvez seja a Teologia o caminho incontornável para mim. Certamente você dirá, pelos meus comentários anteriores, e quiçá esta, que eu não me enquadraria na Teologia que você entende científica. Quem sabe a Teologia Pós Metafísica Integral não possa me acolher? Terão eles essa loucura? Por Integral tomo no sentido dado pelo pensador Ken Wilber.
Uma outra coisa que sinto necessidade, Osvaldo, é esclarecer determinadas palavras que utilizei no meu penúltimo comentário: "mítico" e "pluralista", sem situá-los, o que é injusto para o leitor. O termo "mítico" corresponde ao estágio de consciência do vMeme azul do modelo psicológico "Spiral Dynamics", desenvolvido por Don Edward Beck e Christopher C. Cowan, com base no trabalho de Clare Graves. Situei o papa Bento XVI como desse espectro, e Leonardo Boff como pluralista, o vMeme verde. Sendo o papa Bento XVI do vMeme azul, não se pode esperar que a Igreja Católica permita a ordenação de sacerdotizas. Há autor que aponta o "Concílio Vaticano II" produto da experimentação da cúpula da Igreja Católica da égide do vMeme laranja - não discordo.
O biólogo Richard Dawkins é típico da visão laranja. Seu livro "Deus, um delírio" tem muitas críticas procedentes, atingindo especialmente o "modus" do azul, e sendo laranja, tem seu limite de profundidade hermenêutica. Se não errei na leitura, e seguindo o raciocínio laranja, ele olvidou em sua crítica das incongruências neotestamentárias em relação a justiça, paz e amor: aquela em que "Jesus", em Mateus, diz trazer espada e não paz à terra, e a seguir complementa com a símbolização da temática em que se debruçaram e se debruçam todos os místicos do mundo, registrada simbolicamente nos denominados Antigo e Novo Testamentos, e em vernáculo no Bagavad gita e sutras budistas, por exemplo.
Isaías consegue, num versículo, de forma simbólica e extraordinária, tratar dessa temática, o que seria expresso por um termo "forte", direto, e outro por termo oblíquo, "fraco", com símbolo próprio, abundante na Bíblia. Dawkins, com certeza, também não entende como o Antigo Testamento ainda adentra como é azeitada essa espada de "Jesus". Além disso, Dawkins exerce também o sacerdócio do "fundamentalismo" que recai sobre esse vMeme - o cientificismo.
Sob a regência do vMeme verde, a Igreja Católica conheceria, com certeza, com mais ênfase que o laranja e de forma mais ampla, da igualdade feminina para o exercício do sacerdócio, chegando a papisa. A leitura ecológica vinculada ao Gênesis, por exemplo, é visão própria desse vMeme verde, que abrange ainda o politicamente correto, os direitos dos animais etc.
O modelo da "Spiral Dynamics", encerra no topo com o vMeme verde a fase de primeira ordem, que é constituído por seis vMemes, tendo-se na fase de segunda ordem dois estágios já estudados - amarelo e turquesa-, prevendo-se a seguir o coral e possibilidade de outros estágios mais complexos.
A característica forte dessa primeira ordem é que cada vMeme entende que sua visão de mundo é a única correta e melhor, e reage negativamente se for contestado.
Bem, Osvaldo, vou acompanhando o Peroratio, o ouvirevento, bem como seus demais colegas, com respeito. Colho muitos conhecimentos importantíssimos, e eles moldam o meu pensamento, queira ou não eu. Obrigado por compartilhá-los.
Só me permiti esse comentário para complementar um assunto que tinha obrigação de esclarecer, anteriormente mal expressado por mim. Meus pensamentos não serão expressos aqui (quem sabe um blogue próprio?), salvo para correção ou complementação, que espero, não necessitar.
Atentamente,
Flávio Santos
Flávio, que bom tê-lo aqui. Você é sempre bem-vindo, saiba disso.
Seu comentário é muito interessante. "Spiral Dynamics" é um interessante modo de "classificar" os paradigmais culturais-civilizatórios. É bom para esclarecer o que se chama por meio desse ou daquele termo, "unificando" a linguagem. O problema me parece estar no conceito aplicado a cada "era"/"cor". Por exemplo, eu não estou seguro de a "fase" Green ter sido bem definida, em se tratando do período pós-1850. Mas essa é uma outra história.
Quanto ao modelo geral antropológico desse sistema classificatório, concordo em número e grau - ele é nietzscheano e primeiro-heideggeriano: não há "natureza humana" pré-determinada - ela se constrói na interface dialogal e histórica da cultura, revertendo-se recursivamente inclusive estrutural-organizacionalmente sobre as constelaões neuronais e sinápticas (e o digo a partir de Edgar Morin).
Você olha meio à distância para o "panorama da Teologia". Penso, contudo, que a simples decisão de perceber os paradigmas já é ingresso na discussão. E, de mais amais, as conversas de Peroratio não são, definitivamente, "modelo" para o "panorama da Teologia" - mas nem de longe!
Quiça façamos bem nosso trabalho - e os tempos mudem...
Quanto ao sistema que você usou, ressinto-me, apenas, de que aí se corre o disco de tão-somente classificar, sem "juízos" de valor, tais "eras". Há implicações éticas muito graves e distintas em cada uma das posições "civilizatórias", e o critério de apenas comparar uma com a outra, como se elas se equivalessem mutuamente - bem, isso me escapa, porque não posso admitir que os valores "republicanos", por exemplo, sejam eqivalentes aos valores "aristocráticos", por exemplo. Há uma ética por trás de cada valor. E, se por um lado, não há um fundamento extra-humano e absoluto para a ética, há a carne humana em s, e ela há de saber o quanto dói a faca.
Seja como for, é muito bom ter um leitor com o seu grau de informação. Talvez haja mais segredos na manga. O bom dos segredos na manga é que, mais cedo ou mais tarde, a manga os revela. O mágico jamais guardará os seus segredos, porque ele os tem para os revelar.
Não demore a fazê-lo.
Osvaldo Luiz Ribeiro
Postar um comentário