1. Eu era criança, ainda, alguma coisa entre cinco, seis, sete anos. Minha mãe tinha um compadre, que tinha uma irmã. A irmã do compadre de minha mãe sofria de ataques psicológicos. Nina, ela chamava. Uma vez saiu pelada correndo pela Avenida São Paulo, em Mesquita. Nós, crianças, não vimos. Vovó e mamãe trataram de impedir a farra da criançada. Noutra vez, numa de suas crises, Nina chegou lá em casa com um monte de livros debaixo do braço. Deu-nos todos. E foi embora. Uns dois ou três dias depois, João, o compadre, foi lá e pegou tudo de volta.
2. Que eu me lembre, foram os primeiros livros que vi na vida. Era uma espécie de coleção, de "enciclopédia". Folheei aquilo com sofreguidão, eu acho. Não sou bom de memória. Mas recordava-me, sempre, de uma poesia, longa, de muitas páginas e desenhos, sobre um pavão mágico, misterioso, um rapaz-cavaleiro-cavalheiro, coisas assim.
3. Aí, um dia, já era maior, tinha meus onze para doze anos, e ouvi Pavão Misterioso, do Ednardo, trilha de abertura de Saramandia, de 1976. De algum modo, eu me reportava para aquele livro distante. A canção falava do moço, da donzela, do conde, do pavão. Era de amor, mas, ao mesmo tempo, de aventura, de mistério, de segredos, de heróicas pantomimas.
4. Enquanto Bel preparava o empadão de frango, decidi tirar a história a limpo. O Oráculo está aí para isso. Descobri que há um famoso cordel - O Romance do Pavão Misterioso, cuja autoria é discutida: "embora publicado há mais de 80 anos, o folheto O Romance do Pavão Mysterioso rende debates acalorados ainda hoje. De autoria do paraibano José Camelo de Melo Resende, o cordel acabou sendo impresso pela primeira vez levando a assinatura de um outro autor: o também paraibano João Melchíades Ferreira da Silva. “O Camelo inventou a história do Pavão para ser cantada. Criou uma melodia até, mas não chegou a imprimir. Aí, o João Melchíades teve acesso ao original e fez uma versão. O José Camelo, então, tinha umas complicações com a polícia e não pôde reclamar seus direitos, mas depois publicou seus originais e meteu o pau no João Melchíades. Resultado: essa confusão continua rendendo”.
5. Na noite dos tempos de minha memória, eu lembrara de ter lido O Romance do Pavão Misterioso, mas era uma lembrança deslembrada. Que, contudo, agora, recupero, seja ouvindo, seja lendo:
2. Que eu me lembre, foram os primeiros livros que vi na vida. Era uma espécie de coleção, de "enciclopédia". Folheei aquilo com sofreguidão, eu acho. Não sou bom de memória. Mas recordava-me, sempre, de uma poesia, longa, de muitas páginas e desenhos, sobre um pavão mágico, misterioso, um rapaz-cavaleiro-cavalheiro, coisas assim.
3. Aí, um dia, já era maior, tinha meus onze para doze anos, e ouvi Pavão Misterioso, do Ednardo, trilha de abertura de Saramandia, de 1976. De algum modo, eu me reportava para aquele livro distante. A canção falava do moço, da donzela, do conde, do pavão. Era de amor, mas, ao mesmo tempo, de aventura, de mistério, de segredos, de heróicas pantomimas.
4. Enquanto Bel preparava o empadão de frango, decidi tirar a história a limpo. O Oráculo está aí para isso. Descobri que há um famoso cordel - O Romance do Pavão Misterioso, cuja autoria é discutida: "embora publicado há mais de 80 anos, o folheto O Romance do Pavão Mysterioso rende debates acalorados ainda hoje. De autoria do paraibano José Camelo de Melo Resende, o cordel acabou sendo impresso pela primeira vez levando a assinatura de um outro autor: o também paraibano João Melchíades Ferreira da Silva. “O Camelo inventou a história do Pavão para ser cantada. Criou uma melodia até, mas não chegou a imprimir. Aí, o João Melchíades teve acesso ao original e fez uma versão. O José Camelo, então, tinha umas complicações com a polícia e não pôde reclamar seus direitos, mas depois publicou seus originais e meteu o pau no João Melchíades. Resultado: essa confusão continua rendendo”.
5. Na noite dos tempos de minha memória, eu lembrara de ter lido O Romance do Pavão Misterioso, mas era uma lembrança deslembrada. Que, contudo, agora, recupero, seja ouvindo, seja lendo:
6. Repare que a edição impressa, constante do Domínio Público, é a de Melchíades, enquanto a que o sertanejo declama na feira, é a de José Camelo. Não tem importância - o cordel virou cantiga, e a cantiga, história... Bel, o empadão tá pronto?
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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