sábado, 2 de maio de 2009

(2009/245) Dia de Bel



1. Dois de maio. O ventre de alguém se rasgou e, espremendo-se por entre pernas e dor, saiu Bel, procurando por mim. A mãe, até hoje, Deus a tenha, cuidou, o tempo todo, que era ela a quem Bel prucurava, aqueles olhos negros da solidão do espaço... Mas era a mim. Mas ela não desalegrou a criadora. Morou no colo dela. Até a Despedida. E, então, olhou pela janela...

2. De um modo misterioso, fui guardado para ti. Hoje entendo, Bel, que a minha vida, desde aquele vinte e dois de dezembro, fora um traço tangencial à tua vinda. O sino que eu ouvira a infância inteira, era a tua Anunciação, porque para ti eu fora preparado, e não soubera.

3. Até que te vi. Naqueles dias, iniciais, e tu te lembras deles, escrevia-se no meu peito a tua história, e, no teu, a minha. Mas tu já o sabias - eu era teu. Guardado pra ti, sou teu, amor. A minha maior alegria é ver nos teus olhos que a minha vida tem um sentido, porque ela é a tua alegria. E me basta o alegrar-te até a Despedida também nossa, como te jurei, e rejuro - até o fim, teu.



OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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