1. Pensemos na vida. Imediatamente, a sua manutenção. Incontinenti, a sua deterioração. Ato contínuo, a sua reprodução. Pensemos a vida...
2. Ao nível biológico, a reprodução é pulsional. Ao nível das estruturas vivas superiores, é, além disso, estratégico - hormônios hipnotizantes, cores sensuais, movimentos libidinosos, performances arrebatadoras. Ao nível do Homo sapiens, as estratégias conventem, todas, para o prazer.
3. Está lá, ainda, tudo quanto antes - biológico e animal - havia. Das profundezas da célula e do cérebro, emerge o prazer. Que pode ser, e é, deslocado de suas origens estratégicas, funcionais. Que pode, e é, tornar-se fim em si mesmo. O sexo não é mais, apenas, para. O sexo, agora, é. Por obra e graça do prazer - que, contudo, eis que quem o gerou foi a reprodução.
4. Para a vida, o prazer é secundário - a reprodução, não. Para o homem e a mulher, enquanto sujeitos, a reprodução pode ser dispensada - o prazer, não.
5. Pensemos no conhecimento. Imediatamente, a prospecção. Incontinenti, a verificação. Ato contínuo, a crítica. Pensemos o conhecimento...
6. É da rotina básica de conhecer, levada à sofisticação antecipatória, imaginativa, intuitiva, a hipótese. É da rotina imprescindível do conhecer a crítica das antecipações hipotéticas. A mística constitui tanto uma antecipação quanto uma reação, uma atitude, em face de antecipações que, pelos homens e mulheres, se deixam constituir. Mas não podem ser verificadas - tão somente animadas, fruídas, experimentadas. A crítica pára diante do portal da mística - e não entra. Não pode.
7. A mística poderia, eventualmente, ser dispensável. A crítica, não. A vida haveria de permanecer sem a mística, mas não o contrário, bem como, sem a crítica, a vida cessa. Nem a célula sobrevive sem crítica, nem a bactéria, nem Harriet, nem Darwin. Sem mística, eventualmente. E, contudo, a mística, senhores, a mística, senhoras, é produto das rotinas básicas do conhecimento, é seu refinamento, sua sofisticação, a emergência última de rotinas telúricas, ctônicas, espeleológicas, conquanto ela, a mística, por elas parida, já tenha, desde o útero, vergado e destendido asas alucinantes... A crítica tem pés. A mística vôa.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2. Ao nível biológico, a reprodução é pulsional. Ao nível das estruturas vivas superiores, é, além disso, estratégico - hormônios hipnotizantes, cores sensuais, movimentos libidinosos, performances arrebatadoras. Ao nível do Homo sapiens, as estratégias conventem, todas, para o prazer.
3. Está lá, ainda, tudo quanto antes - biológico e animal - havia. Das profundezas da célula e do cérebro, emerge o prazer. Que pode ser, e é, deslocado de suas origens estratégicas, funcionais. Que pode, e é, tornar-se fim em si mesmo. O sexo não é mais, apenas, para. O sexo, agora, é. Por obra e graça do prazer - que, contudo, eis que quem o gerou foi a reprodução.
4. Para a vida, o prazer é secundário - a reprodução, não. Para o homem e a mulher, enquanto sujeitos, a reprodução pode ser dispensada - o prazer, não.
5. Pensemos no conhecimento. Imediatamente, a prospecção. Incontinenti, a verificação. Ato contínuo, a crítica. Pensemos o conhecimento...
6. É da rotina básica de conhecer, levada à sofisticação antecipatória, imaginativa, intuitiva, a hipótese. É da rotina imprescindível do conhecer a crítica das antecipações hipotéticas. A mística constitui tanto uma antecipação quanto uma reação, uma atitude, em face de antecipações que, pelos homens e mulheres, se deixam constituir. Mas não podem ser verificadas - tão somente animadas, fruídas, experimentadas. A crítica pára diante do portal da mística - e não entra. Não pode.
7. A mística poderia, eventualmente, ser dispensável. A crítica, não. A vida haveria de permanecer sem a mística, mas não o contrário, bem como, sem a crítica, a vida cessa. Nem a célula sobrevive sem crítica, nem a bactéria, nem Harriet, nem Darwin. Sem mística, eventualmente. E, contudo, a mística, senhores, a mística, senhoras, é produto das rotinas básicas do conhecimento, é seu refinamento, sua sofisticação, a emergência última de rotinas telúricas, ctônicas, espeleológicas, conquanto ela, a mística, por elas parida, já tenha, desde o útero, vergado e destendido asas alucinantes... A crítica tem pés. A mística vôa.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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