1. Se você empresta um livro a um amigo, ele não vai comprar o livro, vai apenas ler. Se você dá um livro de presente para alguém - não um que você comprou para isso, mas um que você comprou, usou, isto é, leu, ficou um tempo com ele, e passou para a frente, deu-o a quem o leia também. Se você vai a uma biblioteca, encontra lá uns cinco volumes de Ensaio sobre a Cegueira, pega um e leva pra casa, lê, e devolve, para outro ler. Isso não é pirataria por quê? Qual a diferença entre isso e, por exemplo, pegar uma cópia do Ensaio sobre a Cegueira no 4shared?
2. Eu fui lá no 4shared, achei o volume, baixei, olhei a cara dele, e deletei. Imaginei-me lendo, aqui, sentado nessa cadeira, não um livro na mão, mas a tela... Não gostei do que imaginei, e deletei. Não é a mesma coisa que ler o próprio livro, como fiz com Todos os Nomes, Memorial do Convento, a Jangada de Pedra, O Evangelho Segundo Jesus Cristo, todos, comprados.
3. Mas não está em jogo aqui se é bom ler livro ou ler e-book - uma cópia pdf, não impressa, não deixa de ser um e-book. Trata-se de perguntar-me por qual a diferença entre uma cópia emprestada de um vizinho, e uma cópia emprestada de um arquivo virtual. Leio, e, em lugar de "devolver", eventualmente deleto, ou, eventualmente, "empresto" a alguém... Ora, cada volume de uma determinada edição impressa não é, a rigor, uma cópia? Não é isso a que se reduz a "invenção" de Gutenberg - reprodução de infinitas cópias iguais da mesma obra? E não é até por isso que se chama Project Gutenberg aquele de dispor acesso on-line a "clássicos" da literatura? E, no entanto, você não vai encontrar Saramago lá... Gutenberg mais maroto esse, não?
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
PS. Os insurretos do século 21: a I Insurreição Pirata (adicionado em 04/05/2009)
2. Eu fui lá no 4shared, achei o volume, baixei, olhei a cara dele, e deletei. Imaginei-me lendo, aqui, sentado nessa cadeira, não um livro na mão, mas a tela... Não gostei do que imaginei, e deletei. Não é a mesma coisa que ler o próprio livro, como fiz com Todos os Nomes, Memorial do Convento, a Jangada de Pedra, O Evangelho Segundo Jesus Cristo, todos, comprados.
3. Mas não está em jogo aqui se é bom ler livro ou ler e-book - uma cópia pdf, não impressa, não deixa de ser um e-book. Trata-se de perguntar-me por qual a diferença entre uma cópia emprestada de um vizinho, e uma cópia emprestada de um arquivo virtual. Leio, e, em lugar de "devolver", eventualmente deleto, ou, eventualmente, "empresto" a alguém... Ora, cada volume de uma determinada edição impressa não é, a rigor, uma cópia? Não é isso a que se reduz a "invenção" de Gutenberg - reprodução de infinitas cópias iguais da mesma obra? E não é até por isso que se chama Project Gutenberg aquele de dispor acesso on-line a "clássicos" da literatura? E, no entanto, você não vai encontrar Saramago lá... Gutenberg mais maroto esse, não?
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
PS. Os insurretos do século 21: a I Insurreição Pirata (adicionado em 04/05/2009)
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