1. Tudo indica que me submeterei a uma daquelas "provas da nossa vida" dentro de um mês mais ou menos, e, bibliografia na mão, ando devorando manuais de História Antiga e História Medieval. Tem sido uma delícia. Ontem, de pé, no metrô, cheguei à p. 30 da segunda edição de A Economia Antiga, de M. I. Finley (Edições Afrontamento: Porto, 1986). Nela, encontrei uma delcaração - sobre "método" - de que muito gostei:
1.1 "Ao fim e ao cabo, portanto, o nosso problema não é tanto o de imaginar novos e complicados métodos (que, dado o material de que dispomos, terão necessaraimente que ser simples) como o de fazer as perguntas certas".
2. Essa citação, nesse momento em que me decido a lhe prestar as honras devidas, remonta-me a uma outra, de igual valor e profundidade, de Marcel Detienne: "para quem sabe prestar atenção" (Comparar o Incomparável, Aparecida: Idéias e Letras, 2004, p. 113).
3. Uma remete necessariamente à outra. Se não presto atenção, se não sei prestar atenção, não saberei fazer, não poderei fazer a pergunta certa, nem que eu saiba, eventualmente fazer perguntas certas. Mas não há perguntas certas senão aquelas dirigidas a determinada situação, porque perguntas metafísicas terão respostas metafísicas. Trata-se, aqui, de História - e, é meu vício, de Exegese.
4. Acredito cada vez mais no papel ativo, crítico, do "intérprete" enquanto arqueólogo, que necessita de ferramentas e estruturas mentais de aproximação (teorias, métodos), mas que não se subsume a eles, antes, os dinamiza. É verdade que esse homem, sem os métodos, não faz nada. Também é verdade que os métodos, sem homens, nada são. Contudo, ponham-se teorias e métodos na cabeça e nas mãos de um homem desatento, de um incauto, de um desavisado, de um desapaixonado... Melhor nem comentar.
5. Sim, sim, é mister, no tocante a teorias e métodos, muita, muita informação. Mas, acima de tudo, a que se primar pela formação, a formação da mente indiciária, a que sabe prestar atenção, a que sabe fazer as perguntas certas. Bravo, Finley! Bravo, Detienne!
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
1.1 "Ao fim e ao cabo, portanto, o nosso problema não é tanto o de imaginar novos e complicados métodos (que, dado o material de que dispomos, terão necessaraimente que ser simples) como o de fazer as perguntas certas".
2. Essa citação, nesse momento em que me decido a lhe prestar as honras devidas, remonta-me a uma outra, de igual valor e profundidade, de Marcel Detienne: "para quem sabe prestar atenção" (Comparar o Incomparável, Aparecida: Idéias e Letras, 2004, p. 113).
3. Uma remete necessariamente à outra. Se não presto atenção, se não sei prestar atenção, não saberei fazer, não poderei fazer a pergunta certa, nem que eu saiba, eventualmente fazer perguntas certas. Mas não há perguntas certas senão aquelas dirigidas a determinada situação, porque perguntas metafísicas terão respostas metafísicas. Trata-se, aqui, de História - e, é meu vício, de Exegese.
4. Acredito cada vez mais no papel ativo, crítico, do "intérprete" enquanto arqueólogo, que necessita de ferramentas e estruturas mentais de aproximação (teorias, métodos), mas que não se subsume a eles, antes, os dinamiza. É verdade que esse homem, sem os métodos, não faz nada. Também é verdade que os métodos, sem homens, nada são. Contudo, ponham-se teorias e métodos na cabeça e nas mãos de um homem desatento, de um incauto, de um desavisado, de um desapaixonado... Melhor nem comentar.
5. Sim, sim, é mister, no tocante a teorias e métodos, muita, muita informação. Mas, acima de tudo, a que se primar pela formação, a formação da mente indiciária, a que sabe prestar atenção, a que sabe fazer as perguntas certas. Bravo, Finley! Bravo, Detienne!
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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