quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

(2009/017) Regenerar-se


1. Aprendi com Edgar Morin, que por sua vez aprendeu com quem antes dele havia aprendido com seus ancestrais - é uma cadeia, uma teia, milenar -: é preciso regenar-se, sempre, para não degenerar-se, nunca. Regenerar-me-ei, pois!

2. Primeiro, no amor, regenerando em mim a paixão por Bel, reavivando-a, como brasa, pelo sopro do carinho e do afago. Sem a regeneração desse amor, que é chama, enquanto ainda é chama, eventualmente chegaria a ter que reacendê-la, à ameaça de seu bruxuleio exangüe. Não - é com ele ainda ardendo que vou regenerá-lo...

3. Depois, regenerar-me enquanto estudante. Reavaliar minha relação com o saber - mais do que com a política e com a estética, é com o saber que me relaciono melhor. Regenerarei, então, minha relação com o saber. Reavaliarei minhas bases, meus pressupostos. Sim, logo agora que chego ao fim de uma formação formal, mas que, a rigor, significa apenas um marco institucional numa longa caminhada que se anuncia. Ainda sequer nasci para a Teologia, para o saber teológico - e falo de uma Teologia que, igualmente, ainda sequer nasceu! (porque a que aí está não se constitui de saber) -, e já me sinto sob risco de morte. Porque é fácil morrer. Cabe ao homem até o suicídio! Difícil é a vida...

4. Regenerar minha carreira profissional. Ah, isso é urgente. Talvez essa seja minha última ansiedade atual. Resolvida essa questão, pressinto uma alegria jovial inundando todos os pontos de meu corpo, porque, a rigor, sou um homem feliz e de sorte: Bel, Israel, Jordão, isso é muita sorte para uma única vida. E, no entanto, as urgências burocráticas da biologia da vida sabem fazer-se notar. Assim, é preciso que eu me regenere nesse campo.

5. Quero que estejam longe, muito longe, essas ameaças de degeneração e morte. Sim, a morte é um estágio indissociável da vida, não tenho nem medo nem ira em relação a ela. Mas a quero, por ora, bastante longe, se me entendem. Se o hiato que me há de separar dela cabe a mim alongá-lo, regenerando-me, eis-me, aqui, ó vida, aprensentando-me para o trabalho...


OSVALDO LUIZ IBEIRO

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