sábado, 28 de fevereiro de 2009

(2009/029) Até quando?


1. Ainda aturdido, eis a mais nova "pérola" que encontrei em meus mergulhos no mar da Rede:

1.1 "Para início de conversa, é melhor esclarecer o que a Teologia não é: Teologia não é catecismo, não é proselitismo, não é pregação, nem crendice, nem dogmatismo. Também não é apenas uma discussão sobre Deus. Teologia é o estudo e a discussão, por meio de métodos racionais e científicos, dos mais importantes temas humanos a partir do ponto de vista da aceitação da Revelação. É próprio da Teologia, portanto, discutir ética, política, economia e cultura, tanto quanto espiritualidade e religião, mas sempre partindo dos pressupostos revelados por Deus aos seres humanos, especialmente por meio de Jesus Cristo, abraçados livremente pela fé" (Paulo Pozzebon, O Lugar da Teologia entre os Saberes Universitários, Fragmentos, 13, disponível aqui).

2. Seria muito interessante uma explicação sobre como uma "ciência" baseada na "Revelação" não é, ao mesmo tempo, "catecismo, não é proselitismo, não é pregação, nem crendice, nem dogmatismo". É o que, então? Que "ciência" - em que mundo? - pode dizer-se, pretender-se, supor-se, baseada em qualquer revelação que seja, de Deus ou do diabo? A princípio de conversa, Revelação & Teologia constitui uma hendíade esotérica, no sentido de que o inicado, primeiro, tem que crer - e na Revelação! -, estatuto que nenhuma, absolutamente nenhuma, sem qualquer mínima exceção, ciência (de verdade!) toleraria. Absurdo.

3. Todavia, ainda é pior, porque a "definição" - na verdade, a apologia contra-epistemológica em que se constitui o texto - liga "Teologia" aos "pressupostos revelados por Deus". Nos termos do articulista, ele enquadraria aí aqueles ensinos que a FTU - Faculdade de Teologia Umbandista ministra em seu curso, igualmente reconhecido pelo MEC? Dou um braço que não!, porque a fé cristã, midiaticamente expostas as suas tripas na TV, todos os dias, considera os deuses da cultura africana, bem como os resultantes da miscigenação umbandista, "encostos". Deus do céu! - que Babel dos infernos estamos criando? Em lugar de o século XXI, no Brasil, nos brindar com a transformação civilizadora da religião, pelo contrário, é a confusão infernal das "verdades", as "falas divinas", as "revelações" - Deus do céu! - que invade a Universidade...

4. MEC, socorro!


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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