1. A Fenomenonologia da Religião - na condição de preposto das Ciências Humanas - aproxima-se da Teologia. Uma olha a face da outra. Estendem a mão. Cumprimentam-se. Respeitosamente. Há nervosismo no ar. Sentam-se à mesa das negociações e dos acordos.
2. A negociação dura algum tempo. Mas acaba de acabar. Segue a síntese da reunião, apontamentos para a ata.
3. Ou a Fenomenologia da Religião chama às falas a Teologia, e esta se comporta como uma disciplina hipônima dela, ou não há acordo possível.
4. Ou a Teologia chama a Fenomenologia da Religião às falas, e esta se comporta como disciplina hipônima dela, ou não há acordo possível.
5. A Teologia gosta de acordos. Faz acordos com tudo e todos. Quer acordos que permitam-na manter-se como pretende ser, "saber (?) revelado", auto-compreensão essa que, contudo, não sobrevive a meia hora de Psicanálise, a quinze minutos de História, a dois, de Exegese (claro, desde que estas não tenham, antes, assinado acordos). A Fenomenologia da Religião sabe a que se resume a Teologia - ela e todas as outras. Por isso, um milhão de teólogos não podem acrescentar um milímetro de validade a seus argumentos - se o jogo for o das Ciências, o do Saber. A Teologia deveria ter morrido quando Deus morreu. Mas ela sobreviveu a ele, o que é compreensível, já que é seu fundamento, e o ressuscitou. Todavia, tanto quanto o monstro de Frankenstein é pior do que um ser humano, o Deus ressuscitado, de "Mary Teologia Shelley", é pior do que o anterior, posto que, agora, um divinóide, um sagradóide, perambula, fantasmático, pelo mundo. Um Mestre Eckhart pediria a morte.
6. E, contudo, paz é possível. Basta que a Teologia opere sua auto-quenosis - honestamente, já que é impossível que a Fenomenologia da Religião creia em revelações, justo ela, que as reduz a sua instância fenomenológica. No que a Teologia vai se transformar, se aceitar o conselho da Fenomenologia da Religião? Só saberemos depois de ela ter passado (passará?) pelo ritual de iniciação humanístico-científico. A ecologia das idéias revelará o seu novo rumo. E nós, teólogos, o nosso.
7. Não sei quanto a você - eu conto as horas.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2. A negociação dura algum tempo. Mas acaba de acabar. Segue a síntese da reunião, apontamentos para a ata.
3. Ou a Fenomenologia da Religião chama às falas a Teologia, e esta se comporta como uma disciplina hipônima dela, ou não há acordo possível.
4. Ou a Teologia chama a Fenomenologia da Religião às falas, e esta se comporta como disciplina hipônima dela, ou não há acordo possível.
5. A Teologia gosta de acordos. Faz acordos com tudo e todos. Quer acordos que permitam-na manter-se como pretende ser, "saber (?) revelado", auto-compreensão essa que, contudo, não sobrevive a meia hora de Psicanálise, a quinze minutos de História, a dois, de Exegese (claro, desde que estas não tenham, antes, assinado acordos). A Fenomenologia da Religião sabe a que se resume a Teologia - ela e todas as outras. Por isso, um milhão de teólogos não podem acrescentar um milímetro de validade a seus argumentos - se o jogo for o das Ciências, o do Saber. A Teologia deveria ter morrido quando Deus morreu. Mas ela sobreviveu a ele, o que é compreensível, já que é seu fundamento, e o ressuscitou. Todavia, tanto quanto o monstro de Frankenstein é pior do que um ser humano, o Deus ressuscitado, de "Mary Teologia Shelley", é pior do que o anterior, posto que, agora, um divinóide, um sagradóide, perambula, fantasmático, pelo mundo. Um Mestre Eckhart pediria a morte.
6. E, contudo, paz é possível. Basta que a Teologia opere sua auto-quenosis - honestamente, já que é impossível que a Fenomenologia da Religião creia em revelações, justo ela, que as reduz a sua instância fenomenológica. No que a Teologia vai se transformar, se aceitar o conselho da Fenomenologia da Religião? Só saberemos depois de ela ter passado (passará?) pelo ritual de iniciação humanístico-científico. A ecologia das idéias revelará o seu novo rumo. E nós, teólogos, o nosso.
7. Não sei quanto a você - eu conto as horas.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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