1. Em outros tempos, o peso de Metafísica, como um lastro, constituía garantia do discurso teológico ou da síntese teológica. Nos tempos posteriores aos “grandes descontrutores” do século 19 (Nietzsche e outros), Deus, enquanto princípio metodológico, está morto. Claro, para quem crê e se vincula com o Transcendente, pela oração, pela contemplação e pela meditação, Ele continua o mesmo: vivo e pessoal.
2. Para o fazer teologia, contudo, o referencial mudou. O que os descontrutores fizeram no campo reflexivo, filosófico, teólogos relevantes fizeram no campo propriamente teológico. Dietrich Bonhoeffer, por exemplo, a despeito de sua profunda fé, piedade e do martírio pela fé em Deus, propunha fazer teologia “como se Deus não existisse”. Para ele, o mundo emancipado [de Deus] constitui o quadro referencial para fazer teologia. Outros, como Tillich, propõem o método da correlação entre a fé e a cultura. Nesta perspectiva, fazer teologia é constante e incessante diálogo com a diversidade cultural. Neste caso, por pressuposto e por extensão, fazer teologia é dialogar com um patrimônio universal, de todas as culturas. Fazer teologia é tarefa ecumênica! Mais: é macro-ecumenismo enquanto processo.
3. A chamada ‘virada antropológica’ na teologia complicou a tarefa. Sem o lastro metafísico como pressuposto metodológico, cabe construir e reconstruir o fazer teologia a partir da ‘profanidade’ da cultura humana. Há que se ter claro: o que dizemos sobre Deus é nosso dizer, ainda que a maior autoridade religiosa o diga. Os mestres da suspeita no campo da Hermenêutica não nos deixam mais, ingenuamente, elaborar o discurso sobre Deus sem considerar os caminhos e os modos de fazer esta tessitura de palavras, nas quais Deus vem tomar morada, como quem deita na rede, uma rede das palavras. Há que se perceber o modo como fenomenologicamente se constrói o discurso. A razão deve necessariamente ser articulada. Ratio passou a ser elemento integrante do fazer teologia. Isso, contudo, não constitui novidade. A dimensão racional do labor teológico já acompanha o pensamento teológico crítico nos últimos séculos. As propostas nem sempre constituíram o mainstream no nascedouro e no processo; consistiam mais em propositura de insights, clarões em mundo de escuridões. Por conta do dissenso, seus propositores permaneciam em espaços marginais. Spinoza que o diga! Mas as sendas se transformaram em caminhos.
4. Agora há que construir novos caminhos. Abrir novas sendas. Esboçar novos insights. Dialogar sobre a [nova] complexidade da tarefa do fazer teologia é objetivo deste blog. Está dado o chute inicial!
HAROLDO REIMER
2. Para o fazer teologia, contudo, o referencial mudou. O que os descontrutores fizeram no campo reflexivo, filosófico, teólogos relevantes fizeram no campo propriamente teológico. Dietrich Bonhoeffer, por exemplo, a despeito de sua profunda fé, piedade e do martírio pela fé em Deus, propunha fazer teologia “como se Deus não existisse”. Para ele, o mundo emancipado [de Deus] constitui o quadro referencial para fazer teologia. Outros, como Tillich, propõem o método da correlação entre a fé e a cultura. Nesta perspectiva, fazer teologia é constante e incessante diálogo com a diversidade cultural. Neste caso, por pressuposto e por extensão, fazer teologia é dialogar com um patrimônio universal, de todas as culturas. Fazer teologia é tarefa ecumênica! Mais: é macro-ecumenismo enquanto processo.
3. A chamada ‘virada antropológica’ na teologia complicou a tarefa. Sem o lastro metafísico como pressuposto metodológico, cabe construir e reconstruir o fazer teologia a partir da ‘profanidade’ da cultura humana. Há que se ter claro: o que dizemos sobre Deus é nosso dizer, ainda que a maior autoridade religiosa o diga. Os mestres da suspeita no campo da Hermenêutica não nos deixam mais, ingenuamente, elaborar o discurso sobre Deus sem considerar os caminhos e os modos de fazer esta tessitura de palavras, nas quais Deus vem tomar morada, como quem deita na rede, uma rede das palavras. Há que se perceber o modo como fenomenologicamente se constrói o discurso. A razão deve necessariamente ser articulada. Ratio passou a ser elemento integrante do fazer teologia. Isso, contudo, não constitui novidade. A dimensão racional do labor teológico já acompanha o pensamento teológico crítico nos últimos séculos. As propostas nem sempre constituíram o mainstream no nascedouro e no processo; consistiam mais em propositura de insights, clarões em mundo de escuridões. Por conta do dissenso, seus propositores permaneciam em espaços marginais. Spinoza que o diga! Mas as sendas se transformaram em caminhos.
4. Agora há que construir novos caminhos. Abrir novas sendas. Esboçar novos insights. Dialogar sobre a [nova] complexidade da tarefa do fazer teologia é objetivo deste blog. Está dado o chute inicial!
HAROLDO REIMER
Um comentário:
Olá Jimmy, Osvaldo e Haroldo. Achei muito bacana (inclusive "prazeroso" como o velho Baco poderia sugerir)a iniciativa de vocês, um blog a muitas e boas mãos é fantástico. Certamente me tornarei um visitante frequente (um quase de casa) e sempre que possível um comentarista.
Adorei a iniciativa,
Alessandro.
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