quarta-feira, 25 de março de 2015

(2015/322) Reduzir equivocadamente um objeto a outro para criticar esse objeto como disfarce do outro

O problema dos argumentos de Rubem Alves em seu Filosofia da Ciência é que, a despeito de ele estar correto em perceber que - na prática! (quantas vezes!) - o jogo científico é um jogo político, com cartas políticas, com gestos políticos, com verbas políticas, com atores políticos, com interesses políticos, com resultados políticos, a ciência não é política. Rubem Alves comete o mesmo equívoco - nesse sentido - que, ao analisar - supostamente - a Fenomenologia da Religião, eminente professor de ciência da religião cometeu, criticando (adequadamente) o disfarce de Teologia em Fenomenologia da Religião, mas dizendo que estava analisando Fenomenologia da Religião... Não não estava, tanto quanto Rubem Alves não tem diante de si a ciência de fato, mas seu desvio político...

É como se alguém, porque é poesia, discutisse Estética usando para isso o Hino Nacional Brasileiro. Ora, rapazes, o Hino Nacional Brasileiro, como todos os hinos, como todas as canções, são produzidos na forma de poesia, mas não se trata exatamente de poesia - trata-se de uma peça política, uma espécie de ordem de comando mitológica, à medida das orientações de A República, de Platão. Trata-se de Política...

Se Rubem Alves tivesse escrito um texto crítico sobre os desvios da ciência, sua cooptação à política - seja no bom, seja no mau sentido -, então ele deveria ser louvado. Mas escrever um texto reduzindo a ciência à política e, para isso, servindo-se de um caso de deformação da ciência em política não me parece conveniente. É, aliás, reprovável... Tanto quanto o caso da crítica da Fenomenologia da Religião como Teologia disfarçada, tomando-se, para isso, casos de disfarce da Teologia em Fenomenologia da Religião e não real Fenomenologia da Religião...











OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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