sexta-feira, 20 de março de 2015

(2015/290) Quando se confunde - ai! - heurística e política

O pior que pode ocorrer a um pesquisador é confundir heurística e política. Uma desgraça.

Um exemplo. Política. É necessário respeitar a perspectiva do religioso. Se ele vive a crença de um deus, de um exu, de um orixá, de um kami, de um deva, de um espírito, de uma energia, de um preto-velho, ótimo. Direito dele. Você defenderá o culto dele, o direito dele de cultuar seus santos e deuses, todos. Você defenderá até leis que tratam a fé dele como um patrimônio cultural...

Política.

Agora, apliquemos heurística a isso. Essas pessoas que honestamente creem nessas entidades (não vale os diplomados, que já se trata de uma espécie de esquizofrenia propriamente dita ou uma esquizofrenia de interesse, e não vamos falar disso, mas do religioso integralmente religioso, posto que não contaminado pelas Ciências Humanas, esse sim) sabem alguma coisa dessa crença em termos antropológicos, sociológicos, psicológicos, históricos, filosóficos, fenomenológicos? Não, não sabem. Elas entendem das ações delas o que o mito em que vivem diz das ações delas. Para usar um termo técnico do século XIX, elas são alienadas. Isso é heurística.

Quando o pesquisador acha que ele tem que fingir que o religioso não é alienado, ele trocou o princípio de realidade pelo desejo de realidade. Ele acabou de meter os pés pelas mãos. E ele terá de fazer todo mundo dizer que a realidade é como ele diz que é e pronto, ainda que a pessoa na frente dele jure por um exu, um Jesus, um Buda ou um kami xintoísta...












OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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