Estava agora no banho, esse lugar de superlativos pensamentos e revelações verdadeiras, e me veio um pensamento à mente, acompanhado de um riso de ironia: tomam-me, um exegeta histórico-social, como pouco dialogal em minha incisiva insistência para com a metodologia de acesso histórico-crítico aos textos sagrados - trocando em miúdos, na minha neurose de querer entender o que o raio do escritor do texto, vejam vocês, quis dizer quando... escreveu o texto...
Mas, cá entre nós, sou eu o sovina em dialogicidade?
Vejamos: a) admito a possibilidade teórico-metodológica de acesso ao sentido histórico dos textos (é meu único interesse), b) admito a possibilidade de recuperação da história da leitura desse texto (mas não é meu interesse), c) admito a polissemia dos textos, de sorte que são abertos a todo tipo de interpretação. Pois bem: onde, nesses passos, me fecho ao diálogo?
Agora, me desmintam, se eu estiver errado - todo o intérprete que opta pelo abandono da busca pelo sentido histórico dos textos e então cai ou na estrada dos estudos de recepção ou na das leituras criativas, ditas contextuais ou metafóricas, todos ou quase todos, a maioria que eu conheço, vai, enterram como possibilidade a busca pelo sentido histórico - isto é, justamente o que eu tento fazer...
E quem não dialoga sou eu...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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