terça-feira, 6 de janeiro de 2015

(2015/047) Teu mito, tua prisão. Teu mitólogo, teu carcereiro.


Creste no mito que ele te anunciou? Mesmo sem provas, creste? Sabes, então, que acabas de vender tua alma a tudo mais quanto ele te anuncie? Sabes que, se fazes conta, e decides preparar a tua alma para dizer não, se ele te impõe vicissitudes constrangedoras, então desde aqui já pões o mito sob suspeição? Se crês de fato e ele manda que te mates, tu deves te matar, ora bolas! Se o limite para creres no mito que dizes crer é a coerência do discurso de amanhã, então desde agora reconheças ao menos no espelho que mentes para ti mesmo quanto à verdade desse pó de palavras a que te entregas.










OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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