Não há receita de bolo para interpretação de textos bíblicos. Não gosto das metodologias de exegese que formatam os passos e enfiam o aluno dentro deles - sejam metodologias de sala de aula, sejam metodologias de livros para se usar em salas de aulas.
Textos de dois mil e quinhentos anos de idade não são mecanismos de relógio, sobre o qual se pode dar cursos que ensinam onde enfiar cada ferramenta, onde pôr as lubrificantes substâncias, onde fechar, onde há cliques e trepa-moleques. Textos bíblicos são territórios humanos, tão humanos quanto eles, inusitados, inesperados, únicos, subjetivos - de sorte que só se sabe o que há neles depois de lá se ter ido. Nesse caso, não há como saber de antemão que fazer, que ferramentas usar...
Só há uma forma de fazer com que o aluno use as ferramentas e dê os passos que o professor quer: fazer ele repetir rigorosamente a interpretação que o próprio docente fez. Isso faz do aluno mera cópia. É possível, todavia, em um modelo do tipo Bernardinho: aprender o jogo, jogar o jogo, ganhar o jogo - ensina-se a fazer tal qual o próprio professor, para que, amanhã, o aluno faça sozinho e do seu próprio jeito... Mas, nesse caso, será preciso deixar claro que o aluno está aprendendo a exegese de seu mestre - e não exegese.
Textos são expressões da alma das pessoas que as escreveram. Lê-los é como conversar com quem os escreveu. Não há roteiros para conversas, para diálogos: há apenas o risco, a abertura, a atenção, a observação, a compreensão, a adequação...
Aprende-se fazendo.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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