(2015/208) "A suavidade esquecida dos pelos pubianos"
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Fetiche masculino pela vagina sem pelos, sempre houve. Na carta de Pero Vaz de Caminha, em 1500, já apareciam os portugueses botando reparo nas xoxotas lisinhas das índias do Brasil, ao descoberto. “Suas vergonhas, tão altas e tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos, não se envergonhavam”, escreve o gajo, embevecido. Caminha chega a apostar que, de tão “graciosa”, a vergonha das índias causaria inveja às mulheres europeias, “por não terem as suas como ela”…
Na arte barroca e renascentista, porém, por pudicícia ou moralismo, as mulheres sempre apareceram glabras, inteiramente desprovidas de pentelhos, como se a ausência destes fosse sinônimo de ausência de malícia. O púbis pelado, qual o de uma criança, era quase a personificação da pureza em forma de boceta. Ao que tudo indica, a primeira vez que os pelos pubianos femininos aparecem na pintura ocidental é no óleo sobre tela La Maja Desnuda (1795-1800), de Goya, um dos quadros mais famosos da história. A penugem é discreta".
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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