Se acadêmica, a "abordagem teológica" a um fenômeno qualquer, quanto mais em explícita "concorrência" com abordagens das ciências humanas, não pode - risco meu de dizê-lo - fazer-se em perspectiva cripto-doutrinária. Que têm os deuses a ver com qualquer fenômeno humano? Nada. Sequer podem ser nomeados. A crença neles, sim, e isso é tudo quanto resta para nós, acadêmicos, se vamos jogar o jogo da academia - mas os deuses, definitiva e irrevogavelmente, não!
Assim, não é acadêmico, logo, sequer deveria ser levado em consideração, trazer qualquer elemento mitológico - ou, na linguagem domésticas da fé cristã: de crença - para o enredo da discussão e dar a ele tratamento ontológico, como se os deuses fossem "dados", informações, coisas independentes da fé, com os quais seria óbvio lidar. Não, não é: os deuses não são nada além da fé, se o jogo que se joga é acadêmico, de modo que não há como trazê-los para a arena...
Seja o que for o que se queira chamar de abordagem teológica, por favor, senhores, vamos deixar os fantasmas, as assombrações e os contos dos irmãos Grimm no recreio.
Eu posso assumir publicamente - quero dizer, eu, Osvaldo Luiz Ribeiro, - posso assumir publicamente que é necessária uma abordagem teológica de um determinado fenômeno, mas eu o faria, apenas, depois: a) de definido o que é teologia acadêmica e b) do que seria teológico, então, que não fosse, primeiro, outra coisa...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Nenhum comentário:
Postar um comentário