quinta-feira, 19 de junho de 2014

(2014/634) Já que já crescestes e vos multiplicastes, agora prosperai e consumi


Quando falo de consumo, há quem torça o nariz. Devem me tomar por um neoliberal, um capitalista, sei lá... Não sei se não me entendem ou se não entendem a necessidade de consumo. Acho que as pessoas de esquerda acabam se tornando alguma coisa entre budistas e franciscanas...

Fui extremamente pobre. Sempre o mais pobre das minhas classes na escola. Meses sem livros, sem caderno. Quando cresci, continuei muito pobre. Quando casei com Izabel Ribeiro, coitada, ainda mais pobre ainda...

Lembro que estávamos no supermercado, comprando umas poucas coisas, era o que podíamos. No caixa ao lado, uma senhora, com dois carrinhos de compra abarrotados. Nossos olhos brilharam de desejo. Não foi inveja. Foi desejo. Olhamos um para o outro e dissemos: um dia, vamos fazer isso, não vamos?

Um dia, fizemos.

Bastou uma vez. Não foi necessário fazer duas vezes. Não virou vício. Apenas matamos o desejo: podemos comprar comida, besteiras, bobagens. 

Hoje, não precisamos disso.

Mas gosto de lembrar daquele dia: sentir água na boca, salivar... Essa sensação nos mantém vivos. 

Aliás, que casamento sobrevive sem que um sinta água na boca pelo outro?

Desejo, necessidade, vontade.

Eu entendo Lula.

Lula me entendeu.

Alguns amigos, não...










OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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