A capacidade humana de representar seu espaço em coordenadas e movimentar-se no mundo por meio dessa representação. A capacidade humana de imaginar espaços, inventar mundos, criar universos. A capacidade humana de imaginar que os universos que ele inventa e cria são mais reais do que a própria realidade... A faculdade humana de achar que o imaginário é real e - então - torná-lo real...
A faculdade humana que lhe permite fazer mapas do mundo real é a mesma que o lança nos submundos das imaginações fantásticas. E por isso ele considera tão reais os mundos que cria, porque não aprende a discernir entre mapas do mundo real e mapas imaginários de mundos imaginários.
E o homem, tendo criado os mundos fantásticos que imagina, e tomando-os por reais, se emociona com eles, vive deles, vive neles, vive para eles. No fundo, essa extraordinária forma de viver não é nada mais do que o deslocamento possível do modus vivendi da espécie, que, tendo de criar para si cultura/mundo, na/o qual vive e morre, vai além, criando não-mundos para os quais igualmente vive e morre - e mata.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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