Não fora a faculdade humana de tudo personificar, de tudo antropomorfizar, de a tudo emprestar a sua própria condição humana e pessoal, não teria havido religião. O fundamento da religião é, em última análise, muito mais biológico do que se gostaria de admitir...
Ah, claro, vamos à vulgata: é na cultura que se desdobra o fenômeno e é na cultura que se enchem os espaços da grandeza "religião"...
Um lugar-comum: o que é que, sendo humano, não é aí que se desdobra?
Agora, voltemos àquela questão: antropomorfização de tudo... Feuerbach está certo, mas, antes dele, há duas coisas: uma, Marx viu que faltava - por que ele o faz?, porque ele projeta-se em entidades antropomórficas nos espaços celestes? E a outra coisa, precisamos ver com mais clareza: como ele pode fazê-lo? Que mecanismo é esse que o permite?
A primeira questão é político-social.
A segunda, biológica.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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