terça-feira, 17 de setembro de 2013

(2013/1093) Da evolução "natural" do método histórico-gramatical


O leitor histórico-gramatical da Bíblia, se sincero, se realmente interessado na compreensão do texto, inescapavelmente se tornará um leitor histórico-crítico e, eventualmente, histórico-social. Não há escapatória.

O método histórico-crítico nasceu dentro da leitura protestante honesta dos textos. Se o leitor histórico-gramatical lê os textos verdadeiramente interessado neles (não na doutrina), em pouco tempo compreende a condição desses mesmos textos e, deles, salta para as ferramentas críticas necessárias.

O leitor que morre histórico-gramatical não me parece um leitor realmente interessado nos textos - parece-me alguém mais interessado na doutrina, na recepção dogmático-tradicional dos textos e que, tendo aprendido a ler do jeito tradicional, percebe que, se mudar, muda toda a leitura doutrinária - de modo que, entre mudar o modo de ler, adaptando-se às exigências intrínsecas dos textos, e reconhecer que as doutrinas são construtos alegórico-tradicionais próprios da história da igreja, mas não dos textos, e ficar com essas mesmas doutrinas, que é o que interessa ao leitor histórico-gramatical "assumido", ao custo de fazer de conta que lê a dimensão histórico-social dos textos, ele fica com a doutrina e o método que lhe faculta o jogo.

Assim, um leitor histórico-gramatical é alguém que ama as doutrinas mais do que os textos.

Amasse mais os textos, transformar-se-ia em pouco tempo em um leitor crítico-histórico e sócio-histórico.






OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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