segunda-feira, 16 de setembro de 2013

(2013/1077) Sobre se somos mesmo todos iguais ou se a humanidade não existe e somos, no fundo, gado e boiadeiros


Se eu admito que os homens e as mulheres precisam dos deuses para se comportarem, sou obrigado a conceder a Nietzsche toda a razão que lhe tirei, ao descobrir que ele era um aristocrata elitista convicto.

O fato de as pessoas eventualmente precisarem inescapavelmente dos deuses para se comportarem não faz dos deuses e da religião outra coisa além do que ela é: em última análise e a despeito de variáveis subjetivas, um sistema de controle social.

Assim, desalienado da necessidade da religião para ser uma pessoa socialmente adequada, reconhecendo que há muitas pessoas que não precisam do mito e da alienação religiosos para serem bons cidadãos, bons maridos, bons pais, bons filhos - se eu admito que algumas pessoas (a maioria!) precisa e precisará da religião e do mito anestesiando sua rebeldia, forço-me, por honesto, a admitir que o mundo é constituído de duas categorias: lúcidos/conscientes e alienados/imaturos...

Recuso-me, todavia admiti-lo - insisto na capacidade intrínseca de todo e qualquer ser humano poder chegar à condição de autonomia, libertando-se da tutela sócio-policialesca da religião.

Iludo-me?

Nietzsche está certo? A humanidade não existe - o que existe é a elite intelectual/aristocrata e a plebe rude?

Se não existe a humanidade, se são gado e boiadeiros, de fato, toda tentativa de educação social é inútil e perda de tempo...

Se, todavia, existe a humanidade, se todos são iguais e potencialmente autônomos, toda e qualquer tentativa de manutenção das rotinas de alienação é assassinato potencial da autonomia humana.







OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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