Viviane Coelho, com as mãos no cabelo e ares presepeiros de desespero ensaiado, disse assim: mas é nunca que a gente conseguirá uma coisa dessas, professor...
Sim e não, Vivi.
Sim, nunca. Se algum estudante não tem a vocação de trabalhar com os textos, não vai dedicar a eles as horas necessárias - quantas? Todas, menos as que não der. Não faz falta. O mundo não acabará e o sentido da vida não passa por esses textos nem mesmo pela sua exegese técnica. O que importa é ser boa esposa, boa mãe, boa filha, boa cidadã, boa amiga, boa profissional, boa aluna...
Não, não é verdade. Qualquer um de vocês - qualquer - que sinta o fogo do desejo arder no peito (como um dia eu senti), lá em Mesquita, Baixada Fluminense, poderá fazer a mesma coisa que eu, igual ou melhor. Desde que, desejando tanto, estude, treine, gaste tempo. Qualquer um.
Não serei tolo de imaginar que qualquer um o fará - mas acredito que qualquer um pode fazê-lo - e a chave é o desejo.
Não, não, não. Nada disso: quem não tiver o desejo não é pior do que quem tem. Não estamos falando disso. Quem não tem o desejo por exegese bíblica, pode ter o desejo por outra coisa - que fará tão bem quanto exegese, se tivesse o desejo.
Mas eu dou aulas pensando em quem tem o desejo - quero que essa pessoa veja o que pode fazer, onde possa chegar, e chegue, e passe, e morra de felicidade...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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