Crianças são muitíssimo mais inteligentes que seus pais - incomparavelmente mais inteligentes e lúcidas.
Porque as amavam, não duvido; por causa de tradições muito antigas e lúdicas; porque, afinal, se faz festa e se está em família; por todas essas razões, os pais incutiram nos pequenos a crença em Papai Noel - e eles aprenderam, viveram, vivenciaram, curtiram a não mais poder, todas as pseudo-visitas do bom velhinho...
Um dia, começam a descobrir, também pelos pais, vá lá, que o bom velhinho é, afinal, seu próprio pai, sua própria mãe. Crise? Nenhuma. Eles entendem com a simplicidade dos lúcidos e, por um tempo, ainda usam de esperar o homem do trenó até que, finalmente, passam a pedir presentes a quem de fato lhos compra...
Os pais, não: o bom velhinho ainda os visita - eles não conseguem aceitar, Freud, de jeito nenhum, Marx, sob nenhuma condição, senhores, que, afinal, quem lhes dá presentes é a vida - numa loteria nada parecida com a Justiça...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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