1. O que me agrada muito em Domenico Losurdo é que ele é um desmancha-prazer. Ele tem o dom de ir na nossa tradição querida e mostrar a nódoa que ela tem e, com isso, denunciar a fraude retórica em que nos enfiamos. Ele faz isso com grandes heróis do establishiment, de qualquer área, da Filosofia, da Teologia, da Política, heróis cantados em odes de liberdade e profundidade - mas que tinham um pé ou os dois numa visão de mundo elitista, arrogante, presunçosa, vaidosa, "clerical". Eram homens que, sobretudo, tinham dois discursos - um para si e para os seus, outro para os outros. Eram homens que tinham duas caras...
2. Por isso há quem desgoste da história: nossos pescados estão escritos lá, não é mesmo, como nos contou Ginzburg, em Relações de Força...
3. Se não podemos - sempre - falsificar o passado, que tal fingir que ele não existe?
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2 comentários:
Li seu comentário porque quando minha mulher (Débora Tavares) viu seus comentários sobre Domenico Losurdo, comprei o livro para ela. Com todo respeito, você também tem sido o meu desmancha prazeres. Como o erudito italiano, você detona a contemporaneidade [post-modernidade] que se “afirma hoje num constante desdobrar de paradoxos onde a incerteza e a contingência tomaram o lugar dos dogmas e do determinismo que os escorava”, sem me mostrar um outro caminho, uma outra opção, uma outra saída. Como diz Débora, você então nos faz pensar, desprogramar e re-avaliar nossas crenças.
Obrigado pelas palavras, Alberto. Vieram num dia particularmente necessário.
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