sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

(2013/002) Fale-me de uma fé simples e madura...

_ Fale-me de uma fé simples e madura...

_ Ela cabe em você, não transborda, não se transforma em torpedo de celular a cada instante. Ela não tem nada a dizer, ela é calma, ela é serena, ela é como um rio que corre planamente, sem corredeiras e em cuja superfície não há ondas...

_ Ela é, então, muda?

_ Ela é como a pessoa que entra no ônibus, assenta-se no lado direito, porque havia ali um banco vazio, e apenas diz bom dia ao passageiro ao lado, sem precisar dizer que dia é hoje, nem "ei, eu estou vivo, está vendo?"...

(...)

_ Ela é algo que você guarda no peito, em silêncio contido e recatado...

_ E não fala nunca dela?

_ Bem, se sentamos para falar dela, falamos dela, mas se estamos no dia a dia, ela saberá esperar ser nomeada...

_ E enquanto isso...?

_ Ela move você, secreta e serenamente, sem ninguém a convencer, nem mesmo você.




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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