1. Sabe aquele famoso verso, famosíssimo, de Eclesiastes, que frequenta homilias de pequenos-Jesus e bar-mitzvot de pequenos-Davis? Você o conhece assim:
2. "Lembra-te do teu criador, nos dias da tua mocidade..."...
3. Ah, como se gosta disso. Você fecha os olhos e se recorda das setecentos e oitenta e três vírgula cinco (lembra o dia em que acabou a luz no meio desse sermão?) em que se falou de viver sob a recordação de Deus, "lembrando-se" DELE...
4. Acho que seu coração até se emociona...
5. Mas, lamento, é mais uma daquelas fraudes pias. A história da fé é uma história de fraudes pias, porque os homens santos sabem mais das coisas santas do que "Deus" - os tradutores, então, minha nossa senhora!, um horror!
6. "Lembra-te dos teus criadores", é o que está escrito. Plural. Não é singular. Nem se trata de "plural majestático", como alguns, que têm olhos, mas uma língua comprida demais, gostam de dizer. "Criadores" - não é "criador"...
7. Talvez sequer seja uma referência aos deuses.
8. Muito mais provavelmente seja uma referência aos pais. O verbo tem pelo menos um uso bíblico no sentido de "engordar" - aqueles que te criaram, então, seriam os teus pais...
9. Lembra-te deles, meu filho, porque, tal qual eles, também ficarás velho...
10. Acho que é por aí...
11. Mas os tradutores continuarão a traduzir "criador".
12. Alguns, porque as homilias preferem.
13. Outros, porque simplesmente repetem o trabalho anterior..
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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