1. Primeiro, assista ao vídeo que, antes do segundo final, me fez chorar de tão comovente e inspirador...
2. Agora, vejam vocês: quando terminou o vídeo, chorei. Foi um choro assim, de meia lágrima saltando no vazio, mas posso classificar como choro de emoção. Aí, começaram as legendas. Não sei quanto a vocês, mas a parte das legendas, quando o filme termina, é a de que eu mais gosto - porque toda a emoção vem à tona, a nostalgia, a saudade que já toma você, porque o filme acabou, essas coisas.
3. Pois bem: estava eu, em plena fragilidade das emoções e, cataplaft!, aparece um verso bíblico na tela...
4. Juro, gelei...
5. Imediatamente, todos os meus instintos de defesa - acreditem - todos - se armaram. Se eu fosse o Senhor Jimble, da mesma forma que ele, os pelos do dorso me encrespariam (é a coisa mais linda o tom de caramelho-vermelho que surge, quado Jimble se encrespa). Armei-me de escudo...
6. A manipulação que grassa é tão abjeta, tão aviltante, tão nefasta, que meus nervos estão à flor da pele - não se pode abrir a guarda, porque os manipuladores da fé, os pequenos e os grandes, pegam você - nossa cultura transformou-se nisso, nessa pouca-vergonha cínica e nesse nojo-de-Deus - e, acredite, se você não percebe, é porque está até o couro cabeludo enfiado na lama da manipulação...
7. Assim, porque todos os símbolos bíblicos são usados, dia e noite, para manipulação, imediatamente meu minha consciência armou-se para defender-me...
8. Natural...
9. Fomos programados assim - para reagirmos automaticamente...
10. Fico feliz de estar em forma...
11. Todavia, o sistema parassimpático entrega de volta o controle das coisas a você. Olhei para o texto: Mateus 22,39. Recordei-me das cenas. Nada, absolutamente nada, nas cenas, me empurrava para joguinhos de "fé" (ó, Deus, que fizemos?), para curraizinhos com letreiros... Minha reação fora automática. Compreensível, mas automática. Eu não parecia estar em perigo...
12. Abri a minha Peregrino e li.
13. E sorri.
14. Trata-se de amar ao próximo como a sustentação de toda a Lei e dos Profetas.
15. Nesse caso, sem joguinhos de fé e sem curraizinhos com letreiros - caridade, civilidade, fraternidade, companheirismo, ajuda, solidariedade... amor.
16. Estou seguro.
17. Não há perigo.
18. Posso voltar a chorar...
(...)
19. O que não fizeram conosco, os homens de Deus?
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
4 comentários:
Acho, sinceramente, grande osvaldo, que você trocou o oito pelo oitenta e não consegue ter a tolerância que é importante para os outros e para você mesmo. Olhei o vídeo, li o texto e pensei: "poxa, qual o problema em se falar de amar ao próximo aqui, se o vídeo diz realmente isso?". Ah, já sei; no seu caso, se entrar religião no meio, tudo perde a força, é isso? Se ao final aparecesse uma citação de um humanista, ganharia seu choro compulsivo, sem reservas?! Poxa, que vazio, não?! Assim como abomino os fundamentalismos religiosos, começo a sentir algo semelhante pelos fundamentalismos críticos, uma vez que só me têm parecido gerar segregação e ódio. Sinceramente, eu não quero isso para mim. Uma vez, no seminário do sul, ouvi uma palestra de um rapaz brilhante, profundo conhecedor de heidegger, de nome alexandre. Sabia tudo de filosofia existencialista e de heidegger, todavia, tratava a gente, "religiosos presentes", como lixo, escória não-pensante, manipulados pela religião. Aquilo me encheu o saco e só não saí por respeito aos demais membros da mesa, incluindo milton schwantes, que, com sabedoria muitíssimo maior, mostrou a crítica, sem criticar preconceituosamente. Alguns dos seus textos começam a gerar a mesma sensação que a palestra do alexandre, osvaldo. Desculpe falar, mas sempre fui de expressar o que penso e sinto. Há braços...
Meu amigo Cleinton, acho que você está com alguma prevenção comigo, e, com certeza, isso se deve às minhas críticas à "pastoral".
Veja: leia de novo o texto. Por favor, leia outra vez...
Verá que a minha reação nada tem a ver com o conteúdo do verso, que não identifiquei de cara. Não me recordava, de imediato, do conteúdo da citação, de modo que reagi ao fato de ser uma citação bíblica, e, nesse caso, sim, basta alguém citar um verso bíblico que saio correndo - estou enojado.
Mas, se você ler o texto outra vez, verá que, racionalmente, parei, abri a Bíblia e chequei o verso e, quando o chequei, sorri, porque vi que o conteúdo não era do tipo jihad, e que, afinal, eu não estava sendo empurrado para nenhum curralzinho...
Tudo bem, osvaldo. Eu não tenho prevenção alguma contigo, não. Pelo contrário, leio seus textos e os indico. Talvez eu tenha lido já "armado", sim, e por isso peço então desculpas. Mas confesso que estou meio chateado com os críticos que só marretam e colocam todos num saco só. Bem, vamos adiante; lendo, escrevendo, provocando (reflexões). Há braços...
Osvaldo,
depois do 1.º e do 2.º Kant, do 1.º e do 2.º Heidegger, agora o 1.º e o 2.º Cleinton.
Cotejando:
"...no seu caso, se entrar religião no meio, tudo perde a força..." do comentário do Cleinton com:
"...reagi ao fato de ser uma citação bíblica, e, nesse caso, sim, basta alguém citar um verso bíblico que saio correndo - estou enojado." da sua resposta ao comentário dele, constata-se que você confirmou a impressão que o Cleinton teve na leitura da sua postagem - que foi a minha também.
Ao final, quando você dá a entender que aqueles que vivem sob textos de conteúdo jihad estão num "curralzinho", todos acabam se encaixando na forma como o Cleinton percebeu que o Alexandre da palestra tratava os "religiosos presentes" àquele evento.
Com o 1.º Cleinton eu digo que também não quero isso para mim.
Um forte abraço!
P.S.: Cleinton, desculpe a brincadeira, mas depois de ler seu segundo comentário, e tendo você mencionado Heidegger, não pude perder a oportunidade.
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