1. A ciência é, para todos os efeitos, uma extensão dos sentidos: ciências se faz com o olho, a mão, o ouvido o nariz e a boca. Se são curtos demais, estica-se - desde até o muito pequeno até o muito grande, com microscópios e telescópios.
2. O Universo pode ser estudado cientificamente, seja para dentro do muito pequeno, seja para fora do muito grande. Podemos estudar tudo que é o Universo, com cada vez mais capacidade, condições e equipamentos.
3. Não podemos, todavia, com olho/mão/boca/ouvido/nariz, ir além do Universo. Não dá para, cientificamente, saber - ainda? - que havia ou ocorreu antes dele. Que ele, tal qual se apresenta para nossos olhos/mãos/boca/nariz/ouvidos hoje, tenha começado um dia, é uma resposta que a Ciência encontrou. Esse Universo, tal qual é agora, existe há 15 bilhões de anos, mais ou menos. Logo, "surgiu" - na forma como se encontra hoje - no início desse longo tempo.
4. Mas e o que havia e ocorria antes disso?
5. Bem, a ciência - ainda? - não tem como saber. Ela pára nesse limite. Além daí, só palpite.
6. E, nesse caso, a fé costuma aproveitar esse limite para esgueirar-se, como cobra ou cão, pela fresta deixada pela limitação da Ciência.
7. Que seja. Mas o que a fé produzirá não passará de crença. Não é conhecimento - muito menos conhecimento científico. Se você pode crer no que a fé dirá? Pode - cada um crê no que quiser. Mas, se chamar a isso, conhecimento, estará cometendo um equívoco grosseiro no campo da Epistemologia.
8. Por isso, não me interessa nem um pouco o que a religião, qualquer que seja, tenha a dizer sobre o que há do outro lado. Ela não "sabe". Ela ensina o que diz ser a coisa, mas a coisa que ela diz é crença, criada culturalmente. "Pedro", por exemplo, cria que havia águas em torno da terra - e dizia que quem não dizia assim era um ignorante. Mas o ignorante e era ele, que tão somente repetia conteúdos tradicionais. Ele creu no que ensinaram a ele, e passou a repetir. A isso se chama fé. Mas isso não tem nenhuma relação necessária com o conhecimento e, na esmagadora maioria das vezes, e, em termos científicos, um tremendo equívoco.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2 comentários:
Gostei do texto. Só essa parte aqui que acho que poderia discordar, por assim dizer...
"3. Não podemos, todavia, com olho/mão/boca/ouvido/nariz, ir além do Universo. Não dá para, cientificamente, saber - ainda? - que havia ou ocorreu antes dele."
Poderíamos/podemos se o Universo tiver sido criado dentro dele mesmo, e não por alguma força externa.
Não percebeu o "ainda?"?.
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