quinta-feira, 22 de novembro de 2012

(2012/788) Perguntam-me o que penso sobre a liberdade

1. E eu respondo.

2. O Homo sapiens não é ontologicamente coisa alguma, muito menos, livre.

3. A liberdade é um conceito que precisa, sempre, ser tratado em torno de três elementos: 1) o próprio sujeito em questão, homem ou mulher, b) a sua condição de espécime de uma espécie biológica com determinações pré-cognitivas e c) o jogo macro-político e cultural em que ele joga sua existência.

4. É a velha metáfora da mosca na garrafa...

5. A consciência humana, todavia, é um engenho programaticamente "libertário" - revolucionário, até. Porque ela toma do DNA o controle de determinadas expressões humanas, fenômeno que já aparece em primatas superiores, pelo menos, como os bonobos que, em sua cultura, tudo negociam e resolvem por meio de sexo - de todas as formas possíveis e imagináveis, inclusive de frente.

6. De certas condições naturais o homem é ainda prisioneiro. Não poderá livrar-se da morte. A longo prazo, poderá adiá-la indefinidamente (demortalidade), mas a sua sombra estará sempre a um passo.

7. Das condições sociais, da mesma forma, o homem jamais se eximirá. Poderá, todavia, construir, socialmente, jogos políticos que privilegiam o exercício cada vez mais pleno da liberdade da consciência.

8. Todavia, essa mesma consciência é programaticamente tão livre, que ela pode decidir aprisionar-se. O sujeito pode tanto ser aprisionado à força quanto aprisionar-se voluntariamente.

9. No primeiro caso, ele é livre para libertar-se, mas não permitem que ele se liberte. No segundo, ele é livre para libertar-se, mas ele mesmo não o quer.

10. Também aí se joga o jogo relativo e ecossistêmico da liberdade. Não a ontológica, que não existe. Mas a ecológica - o homem e as condições de seu meio.



OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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