quarta-feira, 5 de setembro de 2012

(2012/671) A arriscada arte de escrever em blog


1. Quando se escreve um poema, um artigo, um conto, um livro, você não o escreve, simplesmente, você escreve, re-escreve e "tres"-escreve mil vezes, até que a forma emerja, divina. Essas coisas não são só conteúdo - são, sobretudo, forma...

2. Num blog, você escreve e publica... Não tem revisão. Não se escreve e espera vinte dias para publicar, um ano, dez... Escreveu, publicou.

3. Você pode comprar em leilões manuscritos das obras clássicas de poetas e escritores. A página está eivada de correções, riscos, rabiscos, parágrafos cortados, outros, acrescentados, sem contar as páginas que foram ao fogo do arrependimento...

4. Você jamais comprará versões originais de postagens de um blog. Cada postagem é o que foi, quando foi. Um dia, você relê o que escreveu, encontra erros, equívocos e, se está com paciência, corrige. Mas, o que lá está é exatamente o que saiu de sua cabeça. Na prática, um ato xamânico.

5. Um poeta, um escritor, é, primeiro, um xamã, depois, um ourives. Aqui, agora, não posso me dar ao luxo do trabalho da ourivesaria - é puro xamanismo: escrever, dar passagem ao ar que vem do fígado, e convertê-lo em palavras, frases, ideias...

6. Não é fácil.

7. É quase como a performance de rua...




OSVALDO LUIZ RIBEIRO


Um comentário:

Cleinton disse...

Para mim, escrever é como cozinhar; um rito, uma atividade do Espírito, um ato religioso.

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