1. Se Deus desaparece, se não do céu, mas pelo menos das missas e dos cultos, ao fim e ao cabo, são a mesma coisa, se Deus some dos ritos de ensinar as pessoas a terem medo dele, se não lhe têm amor, então a vida dos homens se tornará uma desgraça.
2. Metade dos homens roubará - alguns deles, um pouco mais. Um tanto, trairá a mulher, como a pagar os cornos recebidos agora há pouco.
3. Uma parte matará, fornicará, enganará, mentirá. O prefeito não terá paz e o próprio chefe de polícia tatuará os braços com os códigos da máfia. A outra parte enganará, mentirá e blasfemará em sete línguas mortas...
4. Pedófilos visitarão orfanatos ao meio dia, e dos asilos se roubará a pensão dos velhos. Mas também os velhos pecarão os pecados da flacidez peniana.
5. As cidades tornar-se-ão Sodomas e Gomorras, Pompéias e prostíbulos. Por um pisão no pé se arrancará uma cabeça e por uma palavra mal dada se estriparão intestinos...
6. É por isso que Deus não pode sair de cena e é por isso que as religiões são importantes - porque é pelo medo que não se rouba, não se mata, não se estupra: os que têm medo.
7. Porque há realmente muito pouca gente disposta a comportar-se respeitosamente por conta de sua própria consciência. Se não há um medo terrível de queimar no inferno, comportam-se como canalhas, que são.
8. As igrejas estão cheias de canalhas com medo. Isso é bom. Se perdem o medo, voltam a ser a canalha que ainda são, disfarçados, a tremer de horror... Sem Deus a quem temerem os castigos, pobres das carnes humanas que lhes caírem nas mãos...
9. Deus é, ainda, necessário.
10. Não se vá, daí, deduzir nada além disso: a civilização está longe de ter amadurecido para olhar-se no espelho e assumir o comportamento médio do homem probo, e os que assim se fazem, fazem-no, esmagadoramente, por medo, amor ou respeito a alguém de quem, de qualquer forma, têm razão para temer os castigos. O diabo é o melhor funcionário de Deus...
11. E eis aí um problema novo: as igrejas neopentecostais não aterrorizam mais as pessoas, não lhes põem medo, não falam do inferno, das chamas...
12. Se a massa evangélica passar, lentamente e cada vez mais, ao comum dos comportamentos quase-criminosos da sociedade dos pecadores estará indiretamente confirmada minha tese: deve-se pregar Deus, e um Deus terrível, e um Deus forte e perigoso - o Deus da prosperidade, neopentecostal, e o Deus fraco, de Gondin, pode pôr a sociedade em risco.
13. Sem medo, voltarmos a ser os miseráveis que nunca deixamos de ser...
14. E não se enganem, senhores, a cuidar que as igrejas tradicionais pregam um Deus "bonzinho". Não - ouçam bem, senhores, os sermões, porque deles sai um Deus que traz à mão uma frigideira e, na outra, óleo fervente, em cuja temperatura infernal queimará, até os ossos, eternamente, a alma e o corpo de quem não se curvar até o chão...
15. E elas fazem bem: é bem esse Deus que deve ser pregado, para que todos nós nos comportemos honestamente, como homens de bem...
16. Porque para isso serve o sermão, e se não nos põe mais medo à cara, corrompe-nos.
14. E não se enganem, senhores, a cuidar que as igrejas tradicionais pregam um Deus "bonzinho". Não - ouçam bem, senhores, os sermões, porque deles sai um Deus que traz à mão uma frigideira e, na outra, óleo fervente, em cuja temperatura infernal queimará, até os ossos, eternamente, a alma e o corpo de quem não se curvar até o chão...
15. E elas fazem bem: é bem esse Deus que deve ser pregado, para que todos nós nos comportemos honestamente, como homens de bem...
16. Porque para isso serve o sermão, e se não nos põe mais medo à cara, corrompe-nos.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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