1. Se eu vejo o Templo de Jerusalém em tudo que leio na Bíblia? É uma pergunta legítima. Mas a resposta é não. A explicação para o fato de que os textos que eu escrevo estão carregados de críticas ao Templo de Jerusalém se deve ao fato de eu ter escolhido o Templo como meu adversário objetivo e, por conta disso, trabalhar mais concentradamente sobre textos que considero diretamente ligados a ele.
2. Já trabalhei sobre textos que não são ligados ao templo - como o Sl 53. Mas eu tenho preferência por desmontar os textos sacerdotais. É programático - porque ali reside toda a desgraça ideológica em que o Cristianismo se meteu e se mete até hoje.
3. Todavia, uma crítica pode ser dirigida a mim e a meu trabalho: não será que você toma, a priori, o Templo como mau e o povo como bom, e, assim, reifica, mistifica e deturpa - em termos históricos - a relação entre Templo e povo?
4. Pode ser. Não posso recusar a crítica somente pelo fato de ela ser pesada. Pode ser que eu esteja tomado de uma ideologia contra-sacerdotal que só me faça ver o lado mau do Templo.
5. Nesse momento, eu apenas devolveria uma questão: partindo-se do pressuposto que eu só consiga ver o lado mau do Templo: a) daí se depreende que as coisas que eu digo serem más não o são? e b) quais seriam as coisas boas que saíram de lá, e que eu não consigo ver?
6. Com as palavras, os críticos.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Um comentário:
a melhor coisa que o templo proporcionou: deu linha para que pudéssemos criticá-lo, mesmo ele não tendo a mesma potência crítica para se defender, já que, estabelecido, não se vê na necessidade de responder a quem quer que seja.
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