sábado, 7 de abril de 2012

(2012/370) Sobre as ideias e o seu poder de possessão

1. Está tudo muito detalhadamente explicado em O Método 3 e 4, de Morin - as ideias possuem os homens e as mulheres, e os controlam.

2. Morin chega a comparar as ideias aos orixás dos cultos africanos - elas, as ideias, como eles, os orixás, incorporam nos "cavalos" - e os controlam.

3. Há uma relação recursiva entre homens e ideias - os homens criam as ideias que, depois, "criam" os homens, isto é, moldam seu comportamento.

4. Os homens criam as ideias, que criam os homens, que criam as ideias...

5. Não há como fugir desse ciclo, porque a expressão humana se dá por meio delas, as ideias. Não há ação humana, não-fisiológica, que não se dê por meio de ideias.

6. Assim, estaremos sempre presos a elas.

7. Todavia - há um ponto importante.

8. Os homens criam as ideias. Depois de criadas, passam a nos controlar.

9. Pois bem - podemos criar apenas ideias fracas. E, diferentemente delas, nós sabemos como o jogo funciona.

10. Assim, podemos, de um lado, desconfiar sempre de toda e qualquer ideia - não, não é desprezá-las, como se pudéssemos fugir delas: mas é olhar para elas como potenciais vampiras, duvidar de todas, também das religiosas - principalmente delas.

11. Segundo, podemos e devemos nutrir ideias fracas, ideias que gostem de ser criticadas, viradas do avesso.

12. Ideias que não gostam de ser criticadas devem se banidas. São perigosas.

13. Nunca haverá um dia em que não estaremos abraçados simbioticamente a ideias. Mas pode chegar o dia em que as ideias que alimentemos sejam apenas ideias amigas. Amigas de nós e de todos.

14. Perguntou-se-me, agora há pouco, no facebook, um tanto quanto inadequadamente, por que eu me importava tanto, se não cria. A resposta é essa: nenhuma ideia passará por mim - nenhuma! - sem que eu a critique, sem que eu a sacuda, sem que eu a vire do avesso.

15. É a minha contribuição ao futuro da espécie.

16. É a minha pequena resistência e militância.

17. Alguns, contra os diabos. Eu, contra as ideias.

18. Talvez seja, hoje, minha neurose, isto é, minha religião.



OSVALDO LUIZ RIBEIRO

Um comentário:

Anônimo disse...

Amigo Osvaldo,
tinha eu também essa dúvida quanto a você, agora sanada.
Certamente - assim espero - que não a faria de forma inadequada, até pelo respeito que nutro pelo amigo, até pelo respeito que o amigo merece como ser humano.
Sigo te acompanhando.
Um forte abraço!

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