1. Acabo de tentar, assim, num momento daqueles de revisão de sua bases teóricas e afetivas, a ler um texto teológico-pastoral publicado. Vamos lá, Osvaldo, coragem! E fui...
2. É, minha atitude interna não estava lá tão diferente da habitual. Mas era uma tentativa de ver se não estava exagerando um pouco em meu olhar de desagrado.
3. Aí, li. Tremeram-me os ossos.
4. E me veio cá uma ideia.
5. A literatura teológico-pastoral, esses textos de "auto-ajuda através da projeção da auto-confiança em "Deus", eu acho que a auto-ajuda moderna apenas tirou essa projeção em Deus, transferindo-a para uma reprogramação mental e de atitude: você pode!, você pode!, despindo a estrutura do discurso de sua roupagem teológica e emprestando-lhe um ar de otimismo e motivação...
6. Li de novo. Na literatura teológico-pastoral, a coisa funciona assim: o sujeito é um verme, fruto escarrado do pecado original. Mas Jesus lavou o catarro e restaurou o sujeito. Todavia, ele ainda é menos do que nada, e é apenas o amor de Deus que faz dele, circunstancialmente, algo que preste.
7. Mas esse algo que preste, aos olhos de Deus, porque aos olhos de Deus e somente sob os olhos de Deus, conquanto seja o resíduo de um escarro do diabo, que o engolira, está, agora, sob a proteção e o amor de Deus. Assim, o Todo-Poderoso, dono e cobrador de impostos do Universo está a emprestar ao pobre humano todo o deu Poder.
8. Resultado - ele pode tudo, tem o Amor, a Misericórdia, a Vida. É, agora, filho de Deus. Levanta a cabeça, homem! Sorria, Jesus te ama! Enfrenta a vida, que, agora, amanhã ou depois, dia desses, e, se não, no Fim, Deus dará a vitória.
9. Pronto. Agora retire toda a mitologia metafísica e referência a escarro, diabo, Deus, essas coisas da teologia. Mas deixe o "levanta a cabeça, homem" (ou mulher) e o negócio da vitória. Aí você tem nas mãos um livro de auto-ajuda...
10. E eis a tese: a auto-ajuda é a pregação despida da mitologia.
11. Será por isso que as duas fazem sucesso?, porque são gêmeas?
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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