quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

(2012/080) Perguntam-me, afinal, o que eu quero



1. Perguntam-me: afinal, o que queres?

2. Não quero nada. Não, minto. Queria muita coisa: que muita coisa na Sociedade e na Igreja fossem diferentes.

3. Mas não tenho poder algum para ir lá e mudar. Vivemos dias mais do que fluidos, dias de dispersão. Sou apenas um dente-de-leão ao vento...

4. Todavia, não é pelo fato de eu não poder fazer nada que não deixarei escrito que não concordo com o mundo que criamos.

5. Todavia, não é por que estou disperso, sem forças, que deixarei que pensem que eu compactuo com isso que aí está.

6. Podem disfarçar a coisa toda com milhões de aleluias e oitocentos "milagres", doze mil batismos - já se foi a era dos "estádios", estamos, agora, na era da Rede - e cinco mil canções: é a raiz, senhores, a raiz...

7. E quero que se deixe registrado, público, o que penso. Amanhã, quando chegarmos aos dias das contas, de pôr a limpo o que a limpo deve ser posto, quando viver o dia do sol, porque o sol vem, senhores, o sol sempre vem, ainda que tarde demais para os vivos, não quero precisar dizer que eu tinha dito.

8. Naquele dia, senhores, quero afastar-me da mesma dos contadores, recostar-me a uma árvore, triste, tristíssimo, mas em paz com minha consciência.

9. É o que me basta.



OSVALDO LUIZ RIBEIRO

PS. Bem, pelo menos por enquanto ;O)

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