1. Não sou pastor. Perdi o bonde. Até há alguns anos, talvez me fosse possível, contra o gosto de Bel, aceitar a "mão na cabeça". Mas não quiseram. Perdi o bonde. Hoje, as chances de eu vir a ser pastor, um dia, são tantas quantas a do Mesquita FC ser, até 2020, campeão mundial, em Tóquio, jogando contra o Barcelona de Messi.
2. Todavia, há onze anos vivo de Teologia. Não tive outra renda nesses anos todos, desde 2001, salvo a Teologia. E, ainda mais inacreditável - nadando contra a corrente, fazendo mais uma contra-teologia do que propriamente o que se gosta de chamar de teologia.
3. Incrível. Naturalmente, não deu nem dá pra enriquecer. Até daria pra tentar, se eu enveredasse a escrever livros palatáveis ao mundo evangélico, que explode em número$ e oportunidade$ (até a Globo está embarcando ne$$a). Não o fiz até aqui, não é o que farei.
4. Não é fácil mudar para um bairro de classe média (média-nédia e média-alta) e ser professor aí. Outro dia, fomos ver um apartamento, e tinha tantos carros caros na garagem que me constrangeu pensar em morar ali, eu e meu Fiesta 2001 queimado de sol...
5. Mas, se eu abstrair o entorno, se eu não me comparar aos maridos que vejo desfilarem pelas ruas de Vitória - a Vitória in, claro, a das classes endinheiradas, porque há a outra Vitória, aquela semelhante à Mesquita de onde vim, onde, afinal, eu não estava tão out -, então talvez eu possa dizer para mim mesmo, no espelho, nesses momento de auto-cobrança, enganando-me, talvez, que não fui nem vou tão mal assim.
6. Mas não é fácil. Viver de teologia, é uma coisa. Viver satisfatoriamente é outra. Viver bem, então, nem se fala. Mas, ao fim e ao cabo, de quem é, afinal, a culpa? Pariu Mateus? Que o embale!
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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