Por que os Estados pagam 600 vezes mais juros?
Michel Rocard e Pierre Larrouturou
Será normal que, em caso de crise, os bancos privados, que se financiam normalmente à taxa de 1% junto aos bancos centrais, possam se beneficiar de taxas de 0,01%, enquanto certos Estados, pelo contrário, são obrigados a pagar taxas 600 ou 800 vezes mais altas? “Ser governados pelo dinheiro organizado é tão perigoso quanto ser governado pelo crime organizado”, afirmava Roosevelt. Ele tinha razão. Nós estamos vivendo uma crise do capitalismo não regulamentado que pode se revelar um suicídio para a nossa civilização. Como afirmam o escritor Edgar Morin e Stéphane Hessel, em Le Chemin de l’ésperance (Fayard 2011) (O Caminho da esperança, N.d.T.), nossas sociedades devem escolher: a metamorfose ou a morte?
Não é preciso modificar os tratados europeus para colocar em prática essa ideia: certo, o Banco Central Europeu (BCE) não está autorizado a emprestar aos Estados membros, mas pode emprestar sem limite aos órgãos públicos de crédito (artigo 21.3 do estatuto do sistema europeu dos bancos centrais) e às organizações internacionais (artigo 23 do mesmo estatuto). Ele pode, portanto, emprestar a uma taxa de 0,01% ao Banco Europeu de Investimentos (BEI) ou à Caixa dos Depósitos, e esses, por sua vez, podem emprestar a 0,02% aos Estados que se endividaram, para o reembolso de suas velhas dívidas.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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