1. Só um judeu, desses de frequentar - ou ver frequentar - o templo, carneiros e mais carneiros, cordeiros e mais cordeiros, pombos, rolinhas, bois, tudo morto, sacrificado, assado, só um judeu poderia, um dia, olhar para a cruz, um homem lá dependurado, três judeus a rirem-se desse messias, mais um a citar a maldição do madeiro, só esse judeu poderia ter olhado para aquela cena de morte e ver, nela, um simulacro teológico do altar e do cordeiro, e interpretar a morte do "rei dos judeus" como morte vicária. Porque, antes da cruz, o cordeiro já o era um morto vicário - como o sabe Hebreus. O Cristo o será tido por último e definitivo - mas, ainda assim, cordeiro, tirado do altar, do templo, dos judeus.
2. Não foi a primeira vez que um animal terá servido de modelo para serem pensados os seres mágicos, os deuses. No mesmo Judaísmo, a serpente já fora esculpida como serafins, serpentes aladas a voarem, protegendo-o, sobre o deus-senhor, sempre no templo...
3. Há alguns anos, brinquei com o rola-bostas. Um besouro comum da África, que vive de catar bostas de animais, fazer com elas bolas, rolá-las, enterrá-las, pôr nelas seu ovo e morrer. O ovo nasce, come a bosta, sai, vai atrás de mais, para rolar, enterrar, pôr ovos...
4. Esse besouro, uma espécie, por isso chamada Scarabeus sacer, teve um destino triunfal: virou um deus egípcio... E dos mais famosos!
5. Não tenho paciência, hoje, para transformar o post de ouviroevento num post do blogger. Assim, remeto o leitor ao link original. E, acredite: duvido que não vá gostar desse rola-bostas que, de besouro, virou deus...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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