quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

(2011/548) Papai Noel, crianças, adultos e Deuses: jogos de adultos


1. A seu tempo e modo, Freud já o disse. Não quero exatamente repetir aqui o que ele disse, apenas aproveitar-me do tabuleiro e assar meu bolo...

2. Talvez - e, apenas, talvez - se possa explicar o fato de que as crianças, ensinadas assim pelos adultos, possam crer por longa década em Papai Noel e, tão rápido quanto creram, aprenderem que se tratava, afinal, de uma boa história, um bom mito infantil, ao passo que os adultos, ensinados também pelos adultos acerca dos deuses - todos - nunca realmente venham a considerar as suas histórias como mitos de adultos.

3. É que os adultos desfazem o círculo mágico de Papai Noel, e, desfeito, as crianças, sem dor nem dó, assumem-se como atores de um jogo lúdico e delicado - mas isso: jogo, mito, quimera. Por sua vez, os próprios adultos envidam todos os esforços para não permitir, nem por um segundo, que o círculo mágico dos deuses se dissolva, como o açúcar das tortas natalinas, de modo que, apesar de eles mesmos o criarem, eles mesmos resistem ao desencantamento.

4. Como não há outra coisa além de adultos para fazer as vezes dos desconstrutores que eles mesmos fazem com as crianças, os próprios adultos seguem, cientes de que Papei Noel - isso aprenderam - era, afinal, uma boa história de crianças. Noel, apenas Noel. Os deuses, não...

5. (...) Se me permitem uma reflexão mais séria: tanto quanto Papai Noel é eficientíssimo na manutenção dos jogos de Natal - e isso a despeito de não existir fisicamente -, da mesma forma os deuses são eficientes, operantes, "reais", a despeito de não constar de sua "física" nenhum elemento da Tabela Periódica...




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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